ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 24-3-2011.
Aos vinte e quatro dias do mês de março do ano de
dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi
realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato,
Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr.
Raul Torelly, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Mauro Pinheiro, Nilo Santos,
Paulinho Rubem Berta, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença.
Constatada a existência de quórum, a senhora Presidenta declarou abertos os
trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell,
Alceu Brasinha, Beto Moesch, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Elói Guimarães,
Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel,
Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Fraga, Mario Manfro, Mauro
Zacher, Nelcir Tessaro, Pedro Ruas, Professor Garcia, Reginaldo Pujol,
Sebastião Melo e Waldir Canal. Na oportunidade, foi apregoado o Memorando nº
012/11, de autoria do vereador Sebastião Melo, deferido pela senhora
Presidenta, solicitando autorização para representar externamente este
Legislativo, hoje, no Grande Expediente da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio Grande do Sul em homenagem ao quadragésimo quinto aniversário do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro – PMDB –, às quatorze horas, no Palácio
Farroupilha, em Porto Alegre. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício nº 629/11, do
senhor Prefeito; e Comunicados nos 290789, 290790, 290791, 290792,
29793, 290794, 290795, 290796, 290797, 290798, 290799 e 290800/11, do senhor
Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação – FNDE. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Sétima,
Oitava, Nona, Décima, Décima Primeira, Décima Segunda, Décima Terceira, Décima
Quarta, Décima Quinta e Décima Sexta Sessões Ordinárias e da Quarta Sessão
Extraordinária. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje
destinado, nos termos do artigo 180, § 3º, do Regimento, a tratar do tema
específico “Proteção e Direitos da Criança e do Adolescente”. Compuseram a
Mesa: a vereadora Sofia Cavedon, Presidenta da Câmara Municipal de Porto
Alegre; a senhora Débora Balzan Fleck, Diretora da Escola do Legislativo
Julieta Battistioli; e o procurador de justiça Afonso Armando Konzen,
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Criança e do Adolescente da
Fundação Escola Superior do Ministério Público – FMP. Em continuidade, a
senhora Presidenta concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 3º, inciso
I, ao procurador de justiça Afonso Armando Konzen, que se pronunciou sobre o
tema em debate. Após, a senhora Presidenta registrou a presença, neste
Plenário, de alunos e da professora Adriana Picinini, da Escola Estadual de
Ensino Médio Anne Frank, que comparecem a este Legislativo a fim de participar
do Projeto Sessão Plenária do Estudante, atividade desenvolvida pelo Memorial
da Câmara Municipal de Porto Alegre, concedendo a palavra ao aluno Ariel Garcia
Leite. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 3º, inciso III,
pronunciaram-se os vereadores Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, João Antonio
Dib, Elói Guimarães, DJ Cassiá, Engenheiro Comassetto, Maria Celeste, Tarciso
Flecha Negra, Dr. Thiago Duarte, Sebastião Melo e Waldir Canal. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se a vereadora Fernanda Melchionna e os vereadores Nilo
Santos, Luiz Braz, Dr. Thiago Duarte e Dr. Raul Torelly. Em prosseguimento, a
senhora Presidenta concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema
em debate, ao procurador de justiça Afonso Armando Konzen. Também, a senhora
Débora Balzan Fleck procedeu à entrega, ao senhor Afonso Armando Konzen, de
mimo produzido pela Escola do Legislativo Julieta Battistioli. A seguir, a
senhora Presidenta registrou as presenças, neste Plenário, dos senhores Rafael
Prestes, representando a Secretaria Estadual de Planejamento, Gestão e
Participação Cidadã, e José Augusto Amatneeks, representando a Empresa de Trens
Urbanos de Porto Alegre S.A. – TRENSURB –, convidando-os a integrarem a Mesa
dos trabalhos e informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo
para a instalação da Frente Parlamentar para Estudos do Sistema Viário e
Viabilidade para Desenvolver o Transporte Público por Meio do Metrô em Porto
Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Mauro Pinheiro. Em
continuidade, a senhora Presidenta concedeu a palavra aos senhores José Augusto
Amatneeks e Rafael Prestes, que se pronunciaram acerca da instalação da Frente
Parlamentar para Estudos do Sistema Viário e Viabilidade para Desenvolver o
Transporte Público por Meio do Metrô em Porto Alegre, tendo-se manifestado a
respeito os vereadores Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Sebastião Melo,
Tarciso Flecha Negra e Mauro Pinheiro. Após, foi apregoado o Memorando nº
025/11, de autoria do vereador Engenheiro Comassetto, deferido pela senhora Presidenta,
solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia
de amanhã, no ato de assinatura do Acordo de Cooperação entre a Câmara dos
Deputados e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, com o
objetivo de promover o intercâmbio e a cooperação técnico-científica e cultural
visando ao desenvolvimento institucional de recursos humanos, às onze horas, no
Palácio Farroupilha, em Porto Alegre. Também, foi apregoado Requerimento de
autoria do vereador Dr. Thiago Duarte, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde no dia de ontem. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Adeli
Sell, pela oposição. Durante a Sessão, os vereadores Airto Ferronato, DJ Cassiá
e Sebastião Melo manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezessete
horas e vinte e dois minutos, a senhora Presidenta declarou encerrados os
trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela vereadora Sofia
Cavedon e pelos vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelo
vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada,
será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passamos às
Hoje temos o
comparecimento do Sr. Afonso Armando Konzen, da Escola do Ministério Público,
que tratará de tema específico: proteção e direitos da criança e do
adolescente. Convido a Srª Débora Balzan Fleck, Diretora da Escola Julieta
Battistioli, a compor a Mesa conosco, a quem agradecemos pela
organização, pelo convite e divulgação, pois a Escola do Legislativo está
envolvida também na temática da criança e do adolescente. A Câmara vem
trabalhando, estimulando a qualificação da eleição dos Conselhos Tutelares; a
Comissão de Direitos Humanos - a Verª Maria Celeste, o Ver. Toni Proença, o
conjunto dos Vereadores - está procurando, junto ao Governo Municipal e ao
Conselho da Criança e do Adolescente, o melhor formato para a eleição deste
ano. Sr. Afonso Armando Konzen, do Ministério Público, muito obrigada pela sua
presença, pela atenção, pelo carinho e disposição de contribuir com este
Parlamento.
O Sr. Afonso Armando Konzen está com a palavra.
O SR. AFONSO
ARMANDO KONZEN: Boa-tarde a todos! Saúdo a Verª Sofia Cavedon,
Presidente da Câmara. Todos os legisladores deste Legislativo Municipal de
Porto Alegre eu gostaria de saudar na pessoa do Ver. João Antonio Dib,
merecidamente homenageado aqui na Sessão de ontem. Vereador, saiba que a
homenagem foi muito merecida, e trago aqui a palavra do Ministério Público para
se associar a esse exemplo de dignidade e de cidadania que empresta a gerações
mais jovens da nossa Cidade. Meus cumprimentos a V. Exª, creio que com essas
palavras saúdo todos os Vereadores que nos honram com as suas presenças.
Gostaria de agradecer à Professora Débora Balzan Fleck, Diretora da Escola do
Legislativo Julieta Battistioli, pelo convite e pela oportunidade de fazer uma
reflexão sobre tema tão importante para a cidade de Porto Alegre, que é a
proteção dos direitos da criança e do adolescente.
Como é um encontro de duas escolas - a Escola do
Legislativo e a Escola do Ministério Público - e eu estou aqui na condição de
membro do corpo docente da escola...
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): E a Escola Anne Frank, que vai participar da Sessão
daqui a pouco.
O SR. AFONSO
ARMANDO KONZEN: A escola nos cerca!
Eu gostaria de realçar, nesta minha participação, a
importância da qualificação dos agentes públicos e dos profissionais da área de
implantação das políticas públicas da infância e da juventude. É uma reflexão
que nesse contexto sempre envolve a temática ético-filosófica, o que exige de
todos nós a compreensão dos fundamentos, do porquê de fazermos algo e agirmos
de uma determinada forma; o que exige consideração a situações concretas, o que
nos autoriza olhares críticos sobre a realidade, sobre como a Cidade cuida de
suas crianças e de seus adolescentes e nos dá oportunidade para aprender pelo diálogo.
Creio que este momento tão precioso que a Câmara oferece talvez nos possa
oportunizar a indicação de pontes para a superação das dificuldades que ainda
temos na Cidade com relação às nossas crianças e aos adolescentes. Com esses
objetivos, com esses propósitos, pretendo orientar a minha participação,
saudando também as demais pessoas que comparecem ao evento, e vejo aqui alguns
alunos e ex-alunos da Escola do Ministério Público, saúdo todos.
A importância da temática da infância no Brasil
contemporâneo é indesmentível. Nós vivemos vinte anos de vigência do Estatuto
da Criança e do Adolescente, um tempo certamente de conquistas, mas de
permanência, Verª Sofia, de inúmeros desafios; um tempo de consolidação da
democracia brasileira. Falo isso pela Instituição, que tem na sua missão a
defesa do regime democrático como a sua missão constitucional. É um tempo de
maturidade, que exige a manutenção das nossas conquistas, mas também exige a
revisão do estabelecido, quando esse estabelecido não está de acordo com o
imaginário de país inscrito na Constituição brasileira. No âmbito da infância e
da juventude, a manutenção e a revisão do estabelecido exigem cuidados
redobrados. No ano passado, pela Emenda Constitucional nº 65, acresceu-se ao
art. 227 da Constituição Federal um item aparentemente insignificante, mais uma
palavra: a palavra jovem. E nós passamos a constituir, como prioridade absoluta
da nossa Constituição, a atenção à criança, ao adolescente e ao jovem. Temos o
Estatuto da Criança e do Adolescente, temos o Estatuto do Idoso, temos normas
especiais em diversos âmbitos da legislação brasileira, e vem aí o Estatuto da
Juventude, uma preocupação, portanto, especial e específica com uma categoria
da nossa população que merece, por parte do Estado e por parte da sociedade,
atenção diferenciada.
É um tempo de revisão do estabelecido que exige,
também, de todos nós a verificação da efetividade das estruturas existentes na
nossa legislação, em vigor há mais de vinte anos no Brasil pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente: de como o Poder Público responde pelo cumprimento das
suas obrigações e das formas que são atribuídas ao Poder Público para o
cumprimento das suas obrigações, enquanto provedor de necessidades ou enquanto
agente legitimado a exercer o cumprimento de obrigações por terceiros.
Parece-me que essa dupla face das obrigações do Poder Público caracteriza a
essência da regulamentação das obrigações do Poder Público no Brasil com
relação às suas crianças e seus adolescentes.
É um tempo, em diversos aspectos, de absoluta
urgência. Por que um tempo de urgência? Pelo cenário epidêmico da violência
contra a criança, algo que ainda se desvela, que ainda está presente, que ainda
caracteriza muito as nossas realidades, pelos graves desníveis de acesso aos mínimos
de dignidade, que são promessas ainda não cumpridas, e pelo remanescente grau
de institucionalização de crianças e adolescentes. Só esse tema, Presidente,
mereceria um olhar diferenciado dos
Vereadores desta Casa. Nós ainda institucionalizamos crianças sem fundamentos
devidos, pelo tempo inadequado, sem efetivamente trabalhar o restabelecimento
do vínculo ou a colocação em famílias substitutas. As crianças não nascem para
viver em instituições. Instituições, no máximo, podem servir na concepção da
doutrina da proteção integral, que orienta toda a normativa brasileira como
instrumentos para o quê? Permanecer, restabelecer vínculos ou criar novos
vínculos. As nossas instituições, especialmente as de acolhimento
institucional, ainda são carentes de condições adequadas, de agentes com
formação adequada para o cumprimento dessa obrigação. Temos novas realidades
que nos desafiam: a dependência química, as cooptações do tráfico, a vitimação
pela violência escolar, pelo bullying,
assim por diante. Eu sei que esses são temas conhecidos desta Casa.
É um tempo, portanto, de maioridade do Estatuto,
tempo de cobrar efetividade, de aproximar a realidade da norma, porque nunca
foi intenção da legislação brasileira normatizar a realidade existente. O
Estatuto da Criança e do Adolescente se caracteriza por uma legislação que
incide na realidade com vistas à sua transformação. Portanto, não são normas
que se caracterizam como normas de conformação. O objetivo é trazer a realidade
mais próxima da norma, e não adequar a norma à realidade. Essa é a
característica, o perfil da legislação criada pelo Brasil em 1990.
Um dos pressupostos para a
proteção dos direitos, e eu gostaria de caracterizar a minha colaboração aqui
neste sentido, certamente é o conhecimento: o preparo de cada um em particular,
a formação de quem formula política pública, a formação de quem executa a
política pública; daquele que atende, daquele que tem contato, daquele que tem
a oportunidade de perceber a dificuldade da criança e do adolescente e propor
uma resposta que corresponda à modificação da realidade que impede, prejudica o
desenvolvimento da criança e do adolescente.
Em termos de perspectivas e abordagens, eu gostaria de iniciar um pouco
com a minha experiência pessoal, em forma de depoimento, não para revelar aqui
a minha história, mas apenas como testemunho da necessidade de permanente
aperfeiçoamento. Eu fui Promotor de Justiça, Curador de menores, antes de 1990,
antes da vigência do Estatuto. Eu vivi o tempo em que o menor de rua, o menor
infrator, a criança abandonada eram apresentados na Promotoria, no Juizado, em
busca de providências. Foi assim no nosso Interior, em Casca, em Lagoa
Vermelha, em Erechim, onde fui Promotor. A comunidade não tinha instrumentos,
não tinha possibilidade de organização, e o Poder Executivo, de alguma forma,
sentia-se desresponsabilizado, porque o problema do menor era um problema do
juiz. Eu vivi intensamente isso!
A partir de 1990, casualmente quando vim a Porto Alegre - eu estava
lotado na Corregedoria-Geral do Ministério Público -, um dia o Corregedor-Geral
me chamou e disse: “Olha, vai entrar em vigor uma nova lei na área da infância
e da juventude, e nós precisamos nos preparar”. Eu tomei contato com a
legislação, e o Ministério Público se deu conta, a Instituição se deu conta do
tamanho das nossas novas responsabilidades: pelo atendimento inicial ao
adolescente, autor do ato infracional, que passava a ser apresentado na
Promotoria. Fundamentalmente, nós estávamos convocados a colaborar com a
mudança do organograma do atendimento via municipalização. Começou aí a
inclusão do Município no âmbito da resposta à criança e ao adolescente,
transferindo, portanto, atribuições que eram basicamente do Juizado e da
Polícia para o âmbito municipal, para a política pública municipal, para criar
estruturas municipais, novos programas para o cumprimento das medidas, novos
órgãos para definir providências, um serviço público municipal; era exercer,
portanto - este era o desafio do Ministério Público -, os instrumentos de
exigibilidade que a legislação colocava em face do Ministério Público.
Elaboramos um material de orientação, percorremos o Estado, conversando
com os membros da Instituição, e concluímos que, sem estratégias de formação
continuada, em que os Promotores tivessem oportunidade de não só entrar em
contato com a lei, mas no sentido de percepções de natureza interdisciplinar,
dificilmente nós saberíamos corresponder às expectativas que o legislador
brasileiro depositava no Ministério Público. Esse é um desafio permanente da
Instituição. Ele não se resolveu, Verª Sofia. Eu digo que esse é o desafio do
cotidiano dos membros do Ministério Público com atribuições na área da
infância e da juventude - a ideia de formação continuada. Participei da
estruturação da Instituição, para que pudesse atender adequadamente a sua
função nessa área, pela criação do Centro de Apoio Operacional da Promotoria da
Infância e da Juventude, que coordenei de 1991 a 1995. Com a aproximação da
temática da Educação, que dialoga diretamente com o tema da infância e da
juventude, contribuí enormemente para que houvesse, por parte do sistema de
justiça, um diálogo direto com a Educação. O Movimento Direito a Aprender, dos
anos 95, pela justiça na Educação, foi uma mobilização nacional pela defesa do
direito à Educação dos operadores da área jurídica com a Educação. Cito a
criação das estruturas municipais e também o reordenamento, a partir de 1993,
pela criação dos Juizados Regionais da Infância e da Juventude, das Promotorias
Regionais da Infância e da Juventude, e o início do desmonte da Instituição
centralizadora do atendimento do sistema anterior, que era a nossa antiga
FEBEM.
Em síntese, era um reordenamento
que transferia para o Município responsabilidades que até então eram do Estado.
Ainda o Estado permanecia com parcela de responsabilidade, mas transferia
responsabilidade para o Município. Foi uma experiência desafiadora, um
reordenamento que me possibilitou, no final de 1998, exercer por seis meses a
presidência da FEBEM; um desafio pessoal, uma convocação da minha experiência
profissional, das mais desafiadoras, pela complexidade daquele momento
histórico, no confronto de duas visões absolutamente discordantes acerca da
função do Estado e da política pública. Todos se lembram da transição do Governo
Britto para o Governo Olívio no âmbito do Estado. Foi um desafio, portanto,
interno daquela Instituição, completamente falida quanto à sua responsabilidade
e que precisava ser reordenada, e não se tinha a força política necessária para
produzir essa mudança.
De 1999 a 2002, como Diretor da Escola do
Ministério Público e do Colégio de Diretores de Escolas de Ministério Público
do Brasil, eu pude contribuir para a criação do curso de Pós-Graduação em
Direito da Criança e do Adolescente na Escola do Ministério Público. Um curso,
hoje, que está indo para a 11ª edição e que se dedica exatamente a quê? Ao
preparo não só dos profissionais do Ministério Público, porque o curso é aberto à comunidade, a profissionais de várias áreas
de atuação na infância e juventude; permitiu-se que o curso de graduação da
Escola incluísse como disciplina obrigatória o Direito da Criança e do
Adolescente. É a primeira faculdade de Direito do Estado que inclui como
disciplina obrigatória o estudo dessa matéria, o que por si já é um sinal da
insuficiência da formação dos nossos agentes no ensino.
Houve a abertura,
depois de 2005 - eu gostaria de dar este depoimento -, para princípios e
valores da cultura da paz e da mediação de conflitos. Hoje é uma aproximação
indispensável para quem atua na área da infância e da juventude, um esforço
interinstitucional que se fez e que se está fazendo pela implantação da Justiça
Restaurativa na Justiça Juvenil de Porto Alegre, pelo Programa Justiça para o
Século XXI, que permite hoje que o Ministério Público tenha quatro centrais
comunitárias de resolução de conflitos na periferia de Porto Alegre: na Lomba
do Pinheiro, Ver. Elói, na Bom Jesus, na Cruzeiro e na Restinga. São
experiências de descentralização, de associação de esforços com as escolas para
atendimento de crianças e adolescentes envolvidos em conflitos de menor
potencial ofensivo, para evitar que eles ingressem no sistema de justiça;
portanto, com a escola, com o esforço da comunidade, para que essas situações -
que nada mais são que conflitos suscetíveis de resolução via mediação -
encontrem uma alternativa de encaminhamento de solução. Que a criança não
sofra, que o adolescente não sofra o impacto do ingresso no sistema tradicional
de justiça.
A gestão do
Ministério Público - na condição de Subprocurador-Geral para assuntos Jurídicos
do Ministério Público, que exerço atualmente; quero terminar esta parte do
depoimento por esta fala - desafia a Instituição, não só através da sua escola,
mas das suas diversas áreas, a qualificar a atenção à infância e à juventude.
Parece-me que esse desafio não é só do Ministério Público; é do Poder
Judiciário, é, fundamentalmente, das estruturas municipais, que foram
reconhecidas, investidas em possibilidades e de quem se exige hoje respostas.
O que mudou? Eu digo
que sei o que sinto, o que vejo, o que ouço, o que leio e o que vivo. O que
mudou de 90 para cá? Eu daria três indicadores para mostrar que mudou muita
coisa! O primeiro é uma pergunta: onde estão os meninos de rua dos anos 90, de
Porto Alegre? Sumiram. Onde estão? Na periferia cooptados pelo tráfico ou estão
na escola? Eu vejo muito poucas crianças de rua. Tínhamos muitas crianças de
rua. Temos adultos de rua. As crianças sumiram! É um indicador, talvez até
possamos pesquisar onde estão, mas é um indicador visível, real de mudança.
Outro indicador positivo, e eu gostaria de começar
pelos positivos, é a mudança gradativa dos indicadores de inclusão escolar. Eu
não vou trazer os dados aqui, acho que até é um exercício que certamente cada
Vereador faz no âmbito da imersão no campo da Educação na Cidade, mas, se nós
olharmos os indicadores, de 90 para cá, de evasão e repetência, veremos que há
um decréscimo significativo; assim, um acréscimo no número de matrículas e do
tempo de permanência da criança na escola. Isso muda uma cidade, isso muda um
Estado, isso muda um país.
Outro indicador extremamente positivo é o indicador
de diminuição da mortalidade infantil. Por quê? Porque demonstra que a mãe
cuida melhor do seu filho, que ela tem assistência durante a gestação, e a
qualidade de atenção que a mãe dá ao filho nós sabemos que é essencial para o
desenvolvimento dessa criança. Então, o indicador de diminuição da mortalidade
infantil vale por isso! E mais: uma mãe que cuida do seu filho porque tem condições,
Vereadora, porque criou consciência, porque está com assistência para cuidar do
seu filho tende a ter menos filhos. Portanto, é um indicador que nos importa e
que geralmente é usado para mostrar a mudança estrutural da sociedade.
Mudou o sentimento com relação à infância. Nós
sabemos que a Cidade mudou o seu sentimento com relação à infância; a Cidade
mudou a sua concepção e mudou o seu compromisso. Isso nós percebemos na fala do
cidadão, no olhar do cidadão, basta entrar em contato e conversar com ele.
Ainda que haja muito discurso, muita crítica, há também um exercício maior de
responsabilidade, pelas inúmeras organizações sociais que nessa área exercem a
sua vocação institucional. O que falta mudar? Onde estão os nós que precisamos
levar em consideração? Essa seria uma perspectiva que mereceria, ilustre
Presidente, um olhar permanente deste Legislativo Municipal com
relação a Porto Alegre, e eu tenho certeza de que este Poder tem.
Poderíamos começar a
perguntar pelo Conselho Tutelar: por que existe mesmo? Quais são as suas
funções? Quais são os predicados, os atributos necessários para aquele que
exerce a sua função como servidor público municipal investido na função de
atender individualmente a criança? Que tipo de preparo e de formação precisa
ter essa pessoa? Que condicionantes nós oferecemos no nosso processo de escolha
para que possamos escolher pessoas preparadas, vocacionadas para exercer esse
mister em nome da Cidade, em nome da população, em nome de todos nós? O que
deveria ser o Conselho Tutelar no concerto das estruturas de atendimento? Essas
questões, que eu sei que perpassam a discussão nesta Casa Legislativa, que
perpassam a discussão na Cidade, nos desafiam. Desconfio de que precisamos não
temer fazer perguntas acerca desse item.
Nós precisamos
qualificar a atenção da cidade de Porto Alegre às suas crianças. Se temos
pessoas que são escolhidas num processo peculiar para exercer esse mister, nós
não podemos desconsiderar a necessidade de examinar de alguma forma o preparo
dessas pessoas. É uma tragédia para a criança ser atendida quando ela é vítima
de abuso sexual por uma pessoa que não conhece os sintomas de uma criança
abusada sexualmente. É uma tragédia para uma criança, é uma revitimização para
uma criança, quando ela é vítima de maus-tratos e apresenta sintomas no seu
comportamento, e os profissionais que entram em contato com ela não sabem as
razões dos sintomas. Ou seja, tudo vira uma questão de resposta em face do
comportamento. Como eu vou entregar as nossas crianças a pessoas sem preparo?
Isso é risco puro. Isso é dinheiro público gasto inadequadamente.
Faço esta provocação,
Presidente, como desafio não a esta Casa somente, mas ao Município, à Cidade:
que possamos repensar essa estrutura, ver de que forma nós a podemos utilizar,
para que a escolha seja democrática, para que a escolha seja comunitária,
portanto, para que as pessoas investidas tenham legitimidade, mas que preencham
outro pressuposto indispensável, que é a condição pessoal, o preparo pessoal. A
investidura, portanto, ela se fundamenta nesse contexto. Eu diria que o
pressuposto para responder é saber perguntar, e nós poderíamos perguntar, a
tarde inteira, questões envolvendo a infância e a juventude.
Eu gostaria de fazer
uma referência ao professor mineiro Antonio Carlos Gomes da Costa, que,
infelizmente, nos deixou agora, no dia 4 de março, prematuramente; ele, que
esteve inúmeras vezes em Porto Alegre, um pedagogo dos mais expressivos desta
Nação, um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente. No ano passado,
num artigo publicado sobre os vinte anos do Estatuto da Criança e do
Adolescente, ele perguntou se nós, há quinze anos, há vinte anos,
desconfiávamos de que, no início do século XXI, o Brasil seria autossuficiente
em petróleo; que o Instituto Técnico da Aeronáutica, que é o embrião da
Embraer, seria capaz de gerar a única empresa aeroespacial do Hemisfério Sul,
de qualidade; se nós, naquele tempo, poderíamos adivinhar que o Serrado, uma
região desabitada, não plantada, não cultivada, pudesse passar à condição dos
mais promissores celeiros do agronegócio do planeta Terra; que, a partir das
iniciativas do Instituto do Coração de São Paulo, o Incor, passaríamos a contar
com uma das melhores cardiologias do País.
Nós vivemos dois
mundos, e todos sabemos disso: um mundo de primeira espécie, um Primeiro Mundo,
em diversas áreas deste País tão multifacetado; mas temos inúmeras áreas do
atraso. E Professor Antônio Carlos propõe, para este início de século, três
grandes tarefas, para consolidar, de verdade, a sociedade e a democracia
brasileira: consolidar a estabilidade econômica - acho que esse é um desafio de
toda a sociedade brasileira -; erradicar as desigualdades sociais intoleráveis
e elevar dramaticamente os níveis de respeito aos direitos humanos e de participação
democrática da população. Ao refletir e levar esta reflexão para a área da
infância e da juventude, ele diz que a implantação do Estatuto da Criança e do
Adolescente inscreve-se numa das mais complexas agendas da sociedade
brasileira, em termos de plena implantação dos direitos civis, políticos,
sociais, econômicos, culturais e ambientais, próprios dos direitos humanos,
incompatíveis com o momento mágico do já, daquele espírito do imediatismo
brasileiro, porque se trata de um processo de transformação que exige tempo,
porque são processos de transformação profunda, processos laboriosos e
complexos.
A implantação do
Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta, portanto, caminhos e
descaminhos nesses seus vinte anos de história, que se situam nesse contexto.
Ele situa aqui, por exemplo, oito pontos, e eu vou fazer referência rápida a
eles, uma homenagem a essa reflexão. A composição do grupo de redação do
Estatuto da Criança e do Adolescente, portanto daquele grupo que fez a redação
da lei, deveria ter incluído pessoas do mundo da escola, da segurança pública e
da imprensa. São exatamente os três setores mais refratários às transformações
propostas por essa legislação, e ele, surpreendentemente, coloca a escola. A
escola é refratária ao Estatuto - é surpreendente, porque essa lei só tem
sentido se ela for aliada da escola, à boa escola, porque através da escola é
que esse processo de transformação pode se solidificar e ter sentido. Coloca o
Professor Antônio Carlos, como segundo caminho, ou descaminho, que não se
colocou no texto do Estatuto nenhum dispositivo obrigando o ensino nas
faculdades responsáveis pela formação básica dos nossos profissionais de nível
superior, essa disciplina relativa à infância e juventude. E o que diz mais?
Que o texto da nova lei não dedicou nenhum capítulo à formação continuada dos
recursos humanos, algo tão indispensável para a qualificação da política
pública.
Diz, como quarto
ponto - eu vou só enumerá-los -, que um caminho promissor foi a municipalização
da política de atendimento. Hoje, diz o professor, os Municípios investem mais
em crianças e adolescentes violados ou ameaçados na violação dos seus direitos
do que os Estados e a União. E é verdade isso. O problema é que isso coloca em
pauta o pacto federativo. Nós transferimos responsabilidades ao Município, e
ele veio desacompanhado da correspondente possibilidade. Uma questão política
que impõe, eminente Presidente, o questionamento do nosso pacto federativo; não
há como o Município lidar com os níveis de responsabilidade que se impõem sem a
correspondente condição - vide
Educação Infantil, assim como todas as áreas; vide Saúde e assim por diante.
Quinto ponto: o
esforço de mobilização, desenvolvido após a vigência do Estatuto, enfatizou,
diz o professor, aspectos operacionais, deixando em segundo plano as questões
relativas ao compromisso ético, à vontade política e à competência técnica -
competência técnica indispensável. Não há como agir sem formação, sem
qualificação. O reordenamento institucional - diz o professor, como ponto sexto
- em conteúdo, método e gestão não se processou de forma adequada. Grande parte
das antigas institucionalidades limitou-se à mudança apenas de nome. Eu diria
que não adianta municipalizar o atendimento, se apenas há uma transferência da
cultura, que até então era de responsabilidade do Estado, para o Município sem
a mudança de concepção, sem a mudança de visão.
Sétimo ponto: a falta
de capacitação de conselheiros - e o professor refere-se especialmente aos
Conselheiros Tutelares - é um desafio ainda a ser enfrentado de forma
articulada e consequente, assim como a adoção de mecanismos mais adequados para
o processo de escolha. Como oitavo ponto, diz que as relações entre União,
Estados e Municípios ainda requerem maior entrosamento. Cada uma dessas
instâncias é rainha e prisioneira do seu pequeno território. A integração
conceitual-operacional não é uma realidade.
Eu creio que esses
oito pontos que o saudoso Professor Antonio Carlos nos coloca como pontos de
reflexão, na verdade, são a essência como aspectos a serem levados em
consideração na articulação, na integração e na formação necessária dos
operadores, tanto dos formuladores como dos executores da política pública.
Eu tinha feito aqui,
Presidente, algumas anotações para as novas tendências no âmbito da formação
para criança e adolescente: a indispensável aproximação da concepção sistêmica;
o indispensável diálogo no âmbito da formação, com os valores da cultura da paz
e da não violência; a resolução de conflitos, a mediação de conflitos, facetas
novas que hoje precisam ser apropriadas no cotidiano de quem atende a criança e
o adolescente, assim como os princípios e valores que vêm da cultura matriz. Aí
estou me referindo a uma expressão de Humberto Maturana, ou seja, é possível
superar o posto pelo patriarca? Essa
cultura que nos estorva, que perpetua ou que forma estruturas hierárquicas
insuportáveis para uma sociedade de convivência democrática? É possível
perceber outras perspectivas: para além da regra, a emoção; para além da norma,
a emoção; para além da razão, o aconchego; para além do argumento, o
envolvimento; para além do masculino, o feminino - não propriamente da mulher,
mas do feminino -, no que tudo isso significa, na mudança de valores que a
nossa sociedade precisa se impregnar; para além da obrigação, o cuidado?
Nesse contexto, a normativa brasileira a partir de
1990 certamente precisa ser percebida como uma normativa que está impregnada
dos valores do feminino. Não é por nada que a luta pelos direitos da infância
só foi possível pela luta das mulheres, e, na medida em que as mulheres tiveram
reconhecimento e igualdade e passaram a exercer responsabilidades em sociedade,
foi possível afirmar direitos à infância e à juventude. Termino agradecendo por
esta possibilidade de diálogo com a Câmara e dizendo que o desafio de proteger
os direitos da criança - estou falando “proteger direitos de crianças”, não de
proteger crianças - é a essência da mudança que tivemos em 1990. Não estamos
mais tutores de crianças; nós somos tutores dos direitos da criança, o que é
uma mudança de concepção que nos desafia. Muito obrigado pela oportunidade.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Dr. Konzen, muito obrigada por suas palavras. Tenho
certeza de que o senhor está aqui fazendo uma qualificação de agentes
importantíssimos, que são os Vereadores e as Vereadoras, uma qualificação
fundamental. Tenho dito que, nas quintas-feiras, temos aulas aqui, e os
Vereadores estão muito atentos, porque todo o dia se deparam com a temática da
criança - todos, não é privilégio de uns ou de outros - e os desafios de todos
os direitos reclamados.
Queremos convidar o senhor e o conjunto dos alunos
da Escola Anne Frank, que recebemos com carinho, para irem à Redenção no
domingo, às 11 horas: a Câmara fará uma Ouvidoria lá, das 9h às 17h, quando
lançará a legislação municipal consolidada pelo grupo de trabalho aqui da
Câmara sobre a criança e o adolescente. Nós estamos orgulhosos, pois no ano
passado já melhoramos a exigência para a eleição do Conselho Tutelar. O fato de
se exigir Ensino Médio já diminuiu muitos os concorrentes, aumentou a nota na
prova, apesar de sabemos que não é só isso. E quero compartilhar com o conjunto
dos Vereadores, pois amanhã, no jornal da TVCâmara, aparecerão os dois debates
que a Câmara está estimulando junto ao Conselho da Criança e do Adolescente,
serão nas regiões e com os candidatos a Conselheiro Tutelar. Ontem acompanhei
uma parte do debate do Centro, e as falas de apresentação dos Conselheiros já mostram
um outro perfil, um perfil mais qualificado. Na segunda-feira foi na Lomba do
Pinheiro, e nós temos programação para as próximas semanas, além deste
material, que estamos distribuindo em larga escala, que não somente chama para
eleição do Conselho Tutelar no dia 10 de abril como também informa os telefones
que podemos acessar. A Câmara terá outdoor
chamando a eleição - já colocamos um outdoor
no primeiro semestre, tratando dos direitos da criança e do adolescente.
Estamos tentando cumprir uma parte das tarefas que colocaste tão bem aqui, da
complexa tarefa de viabilizar o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Hoje temos uma presença especial no período de
Comunicações; peço licença aos Vereadores, pois estamos com as duas oitavas
séries da Escola Anne Frank. Quero que a gente as acolha com muito carinho na
Plenária do Estudante. (Palmas.) Por proposição do Ver. DJ Cassiá, acolhida
pela Mesa Diretora, estamos com o desafio de, numa quinta-feira por mês, trazer
para o plenário - ainda estamos na construção, hoje é estreia, vamos dizer
assim, o ensaio - a participação direta dos alunos. Convido o aluno Ariel
Garcia Leite, de 13 anos, da oitava série, escolhido pelo seu grupo, para falar
em nome dos alunos. A professora é Adriana Picinini; há mais professoras
presentes, depois gostaria de citá-las. Convido o Ariel para vir à tribuna, no
local de onde os Vereadores intervêm.
O SR. ARIEL
GARCIA LEITE: Boa-tarde a todos, primeiramente. Vou fazer aqui o discurso que a gente
fez sobre o Projeto de Lei da revitalização dos parques e praças aqui de Porto
Alegre.
Você prefere sua casa limpa e organizada ou suja e
bagunçada? Bem, eu prefiro minha casa arrumada. Você prefere ser elogiado por
sua casa estar arrumada ou passar vergonha por sua desordem? Faça de Porto
Alegre sua casa. Muitas vezes, a imagem de nossa Cidade fica manchada pela
falta de conscientização das pessoas. As praças e parques são lugares onde as
pessoas se encontram e se divertem, onde acontece uma socialização geral. Porto
Alegre deve passar uma boa imagem para os turistas e visitantes. E os
habitantes da Cidade merecem também ter praças e parques para as boas horas de
lazer, por isso propomos que deveriam disponibilizar guardas responsabilizados
pela limpeza das praças e dos parques. Ajude a tornar Porto Alegre um lugar
melhor para se viver. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Muito obrigada, Ariel. Parabéns à Escola Anne
Frank, ao Memorial, ao Jorge e à Nara Jurkfitz, que neste ano está voltando
para o Memorial e tem o desafio de revitalizar a Plenária do Estudante. Ela já
me anunciou uma parceria, que confirmei hoje de manhã com a Carris, para
podermos viabilizar a vinda de escolas públicas. Parabéns aos nossos
funcionários pela iniciativa e pelo compromisso.
Quero deixar um convite à Escola Anne Frank e aos
Vereadores, sobre uma temática que o Ver. Bernardino levantou no ano passado,
sobre o problema das esculturas públicas. As esculturas públicas são as que
estão nas nossas praças. O Ver. Bernardino entrou com um Projeto de Lei,
levantou a polêmica de que elas estão descuidadas, desconhecidas, estragadas,
sujas e, muitas vezes, perigosas. Nós estamos procurando fazer uma ação
propositiva e, no domingo, como estaremos no Brique da Redenção, depois do lançamento
do Caderno da Criança e do Adolescente, vamos fazer um tour pela Redenção mesmo, orientados pelo Professor José
Francisco, que é um estudioso das esculturas. Nós vamos andar pela Redenção
para reconhecer as esculturas que há no Parque. Será uma promoção da Câmara de
Vereadores. Estão convidados os professores e os alunos, convidem suas
famílias. Deve ser lá pelas 11h30min, na manhã de domingo. Muito obrigada pela
presença dos alunos e professores.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
acredito que o momento é importantíssimo, ímpar, para tratarmos da questão da
infância e do adolescente. Cumprimento o Dr. Konzen pela belíssima exposição e
saúdo a presença de todos aqui. Quero cumprimentar também os nossos jovens da
Plenária do Estudante.
Lá em 1990, como Vereador aqui de Porto Alegre, eu
apresentei a proposta que hoje é uma regra. Fico bastante entusiasmado e feliz
em ver, aqui em Porto Alegre, após vinte anos, a Sessão Plenária do Estudante
como um belíssimo espaço que a Câmara de Vereadores empresta à nossa criança, à
nossa juventude, aos adolescentes aqui de Porto Alegre. Aproveito para
cumprimentar o Ver. DJ Cassiá pela observação e para dizer que é importante
para a cidade de Porto Alegre a presença destes jovens aqui. Também tive o
prazer de ter sido o Presidente da Câmara em 1995, e foi dos primeiros
movimentos de eleições que tivemos para os Conselhos Tutelares. Portanto,
agora, anos depois, estamos aqui discutindo esse tema, que é da maior
relevância para a cidade de Porto Alegre e para toda e qualquer cidade
brasileira. Cumprimento-o pela exposição. Muito obrigado.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Airto.
Para que os alunos saibam, esse é o microfone de
apartes, onde é possível fazer questões de ordem ou requerimentos.
Por favor, Ver. DJ Cassiá.
O SR. DJ
CASSIÁ: Muito obrigado por me conceder a palavra. Em primeiro lugar, Presidente,
quero dar as boas-vindas a todos que estão à Mesa, principalmente a esse nosso
jovem - não um futuro parlamentar, já é um jovem parlamentar desta Cidade. Hoje
eu mesmo aprendi com ele. Eu não preciso falar nem cinco, nem dez minutos; ele
resumiu, em menos de três minutos, um projeto importante para a nossa Cidade.
Agradeço à senhora, aos componentes da Mesa, aos nossos 35 Vereadores, por
aceitarem essa ideia de tanta importância, fazendo com que o estudante, o
jovem, venha até o Parlamento para discutir as suas ideias. Muito obrigado,
Presidente.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigado, Ver. DJ Cassiá.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ADELI
SELL: Minha cara Presidente, meus colegas Vereadores e Vereadoras, nobres
visitantes, ao cumprimentar o Dr. Afonso Konzen, cumprimento todos e todas, vou
destacar uma parte da sua fala e quero me concentrar num elemento que considero
importante, apesar de todas as coisas faladas aqui serem extremamente
importantes. Nós estamos a poucos dias da eleição do Conselho Tutelar, e V. Exª
abordou o tema da preparação, que sempre foi a minha grande preocupação quando
discutíamos aqui a respeito de projetos de leis que tratavam da questão do
Conselho Tutelar. Eu fui convencido a mudar até algumas de minhas opiniões para
contemplar uma caminhada que começou no início da década de 90 aqui em Porto
Alegre. Parece-me, inclusive, que Porto Alegre foi a primeira cidade brasileira
a instalar um Conselho, e evidentemente houve avanços, mas nós tivemos
gravíssimos problemas nos processos eleitorais, como temos uma incrível
dificuldade e falta de preparo para tratar destes gravíssimos problemas, que
são o abandono e a violência contra a criança, especialmente, mas também contra
adolescentes, jovens em geral.
Eu creio que este deveria ser o ano - o momento
começa aqui - de debatermos um aperfeiçoamento nessa área. A bem da verdade, a
prova recentemente realizada fez com que vários não pudessem concorrer. Dr.
Konzen, inclusive, quero lhe dizer que pessoas que eram ou que já foram
Conselheiros não passaram na prova de consulta. Qual a capacidade que alguns
Conselheiros têm, que discernimento têm para tratar de temas, os mais complexos
possíveis, especialmente o tema do abuso? Eu creio que não basta haver um
Conselheiro Tutelar; primeiro, é preciso haver um Conselheiro Tutelar
preparado, capacitado.
E não me parece que os Poderes Públicos
constituídos, tomados eles em conjunto, tenham cumprido seu dever. Nas
individualidades, temos heróis e heroínas, como temos professores e
professoras, temos verdadeiras feras na área da Educação que fazem a Educação
evoluir e as crianças ter prazer de ir à escola para estudar, mas nós também
temos muito desdém, temos muito pouco preparo em muitos casos. Eu levantava
aqui, minha cara Presidente, o problema do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica, o IDEB. Podemos discutir aqui se esse índice está
medindo exatamente - nos momentos em que se fazem as medições - aquilo que
acontece. Mas o IDEB de Porto Alegre é menor que o do Rio Grande do Sul e é
menor que o índice nacional. Eu acho que isso merece uma reflexão, porque,
muitas vezes, o problema não é resolvido na família, porque uma família em que
o pai é ausente, em que a mãe precisa trabalhar, a criança fica ao deus-dará!
Então, estamos discutindo o tema aqui, ainda mais na véspera da eleição, que é no dia 10, que não é obrigatória, mas temos que mobilizar corações e mentes, mobilizar a cidadania. Por isso nós estivemos, no sábado de manhã, em pleno Mercado Público - vários Vereadores estiveram lá -, dialogando com as pessoas, entregando material, chamando-as à eleição do Conselho Tutelar. E eu gostaria de ver e de colaborar naquilo que eu puder colaborar, para que nós tenhamos o aperfeiçoamento de quem cuida do tema da criança e do adolescente na cidade de Porto Alegre. Nós já fomos uma Cidade muito avançada e muito ousada nessa área, mas eu tenho para mim que hoje temos uma certa suspensão de coisas que já foram...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigado, Ver. Adeli.
Um abraço ao nosso aluno Ariel, aos alunos que
agora vão fazer a sua sessão plenária paralela; à professora, aos professores,
pelo compromisso de formação integral dos alunos que a gente vê demonstrado
aqui.
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Srª Presidente, infelizmente eu não consegui falar
com os jovens. Eu queria falar para o pequeno e grande Ariel que eu comecei a
militar com a idade dele; com 13 anos, a gente começa a conhecer uma série de
coisas e, sobretudo, uma série de direitos.
A fala dos jovens hoje, escolhendo o tema dos
parques e das praças, é fundamental numa política de cidade, mostra a
importância que tem a juventude e os adolescentes na busca de uma cidade
melhor, a partir da sua organização, a partir da estada na escola, a partir dos
grêmios, da sua forma de integração dentro das nossas escolas. O Dr. Afonso deu
uma aula para nós sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, sobre os 20
anos, os avanços que tivemos em relação aos direitos e à concepção do ECA. Eu
me recordava, agora, de uma pauta que nós tivemos, Ver. Pedro Ruas, na Comissão
de Educação, em relação a uma escola estadual chamada Infante Dom Henrique.
Imaginem os senhores que, em pleno 2011, houve uma postura extremamente
repressiva por parte da Direção da escola, atentando contra uma série de leis -
nós poderíamos usar a Lei do Grêmio Livre, que foi uma conquista dos estudantes
logo após a ditadura militar, ou o art. 53 do ECA. Nós vimos os estudantes,
Ver. Beto, organizados para fazer os seus debates, as suas reivindicações em
relação à merenda, à melhoria da infraestrutura da escola; em relação ao espaço
físico para os estudantes, dentro daquele que é o seu espaço, porque a escola
prevê a gestão democrática, que também é uma conquista das escolas, e o caso
virou caso de Polícia. Eu acho inacreditável que a gente veja, em pleno 2011,
uma Direção que chama a Brigada Militar, agindo de forma contrária aos direitos
dos adolescentes e das crianças da Escola Infante Dom Henrique. Recordo-me disso
porque nós trouxemos o assunto à pauta na Comissão de Educação.
Além de chamar a Brigada para dentro da Escola,
porque os estudantes estavam se organizando para entregar carteirinha; além de
não ter recebido esta Vereadora e a Verª Maria Celeste, Presidente da Frente
Parlamentar de Defesa da Infância e da Adolescência; além de não ter
participado aqui da reunião da Comissão de Educação, a Direção ainda suspendeu
os estudantes. E o Conselho Tutelar teve um papel fundamental, uma atuação
exemplar, porque tem poder para retirar as suspensões, ou seja, garantir que as
crianças estejam dentro da escola, através do Estatuto da Criança e do
Adolescente e dos direitos dessas crianças e desses estudantes do grêmio - na
prática, são mais adolescentes.
Nós, neste momento, estamos numa eleição muito
importante para o Conselho Tutelar. A Câmara tem feito um excelente papel no
sentido de ajudar a divulgação: será no dia 10 de abril, um dia muito
importante para a Cidade. E, como o voto é facultativo, eu acho que cabe a nós,
como Poder Legislativo, alertar a população da importância que tem a
representação dos Conselheiros em cada região do nosso Município, para auxiliar
na garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Mas nós também temos que
conversar, e sei do trabalho do Ver. Toni, da Verª Maria Celeste, no que tange
às mudanças das regras no meio da campanha. Aqui nós ouvimos dos Conselheiros
as dificuldades que se têm com mudanças de última hora, atrapalhando toda uma
organização de materiais, a composição que as chapas tinham feito nas regiões;
atrapalha, evidentemente, a própria eleição, ainda que vários atores sociais
estejam ajudando nessa divulgação.
Eu queria de novo fazer este alerta: reconhecer o
trabalho sério de vários Vereadores e Vereadoras que ajudam nesse tema;
reconhecer a importância da nossa divulgação e a importância de o Legislativo
se engajar nessa campanha, no sentido de que as pessoas façam valer o seu voto
facultativo, porque tem a ver com uma concepção de cidade, uma concepção de direitos
que, como bem disse o Professor, passou do tema da proteção e incluiu o tema
dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Eu queria concluir
falando do problema da terceirização. Parece que nós, na política de
assistência às crianças de rua, na assistência de um modo geral, precisamos
fazer um amplo debate sobre a terceirização - ou melhor, contra a terceirização
de vários serviços -, para fortalecermos o Poder Público, o serviço público, o
concurso público, para garantirmos determinados temas que são fundamentais para
melhorar a situação das crianças e dos adolescentes no nosso Município.
Parabéns, professor;
parabéns à Escola Anne Frank; parabéns à Nara e ao Jorge, que são excelentes
trabalhadores e sempre promovem excelentes debates para nós, que sempre
atendemos. Obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Nilo
Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. NILO SANTOS: Srª Presidente, Sr.
Konzen, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que
nos acompanham, este é um assunto bastante polêmico; com certeza, Ver. Adeli
Sell, o tema que trata da criança e do adolescente é visto de vários ângulos. O
que mais me preocupa, Ver. Toni Proença, é que o Estado tem o dever de proteger
a criança e o adolescente, Srª Presidente. O Estado tem o dever de proteger a
criança e o adolescente, mas muitas vezes esbarra em algumas questões. Nós
temos visto muitas crianças sendo exploradas pelos pais nas ruas, e isso não é
um problema deste Governo, não é um problema do Governo A, B, C ou D - isso
está espalhado por todas as capitais, por todas as cidades grandes -, é de
vários Partidos políticos, Ver. Pedro Ruas.
Também abrange
crianças que nem nasceram, porque hoje mulheres grávidas moram nas ruas, embaixo
de viadutos, ocupam espaços públicos com uma vida, com uma criança dentro do
seu ventre. E nós temos dificuldades, Ver. Luiz Braz, em dar proteção, porque
as mães se negam a deixar as ruas, a sair do viaduto. Nós temos visto as
dificuldades que os técnicos, os assistentes sociais, os profissionais de
dentro da FASC têm em fazer o convencimento. Convencer uma mãe grávida a sair
das ruas é complicado, o convencimento é difícil! Nós esbarramos nisso. Eu faço
uma leitura - talvez por ser um pouco grosso, meio ogro: tem que tirar essa mãe
dali. Tem que tirar! Ela não quer se proteger, mas o Estado tem o dever de
proteger a criança que está em seu ventre! Que tipo de vida terá uma criança
que vai nascer na rua, embaixo de um viaduto ou que, nos primeiros dias de
vida, vai retornar para o viaduto? Existe o direito de ir e vir, sim, mas o
Estado tem o dever de proteger aquela criança, e aí precisamos de uma ação
conjunta dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário. Precisamos dar
proteção!
Uberlândia hoje serve
como exemplo para a nossa Cidade. Quando há uma criança, um adolescente ou até
mesmo um adulto na sinaleira pedindo, a Polícia Militar vai lá, numa ação
conjunta com a Prefeitura. Se é uma pessoa apta ao trabalho, vão levá-la para a
delegacia, fichá-la, e essa pessoa terá que dar um rumo à sua vida, terá que
trabalhar. Está apta ao trabalho, mas está se aproveitando da sinaleira! Uma
gestante será tratada, vai-se conversar com ela, e ela não pode permanecer com
aquela criança no seu ventre vivendo debaixo de uma ponte! Vai ter, sim, que se
inserir em um programa do Governo. Do contrário, como vamos dizer que
protegemos a criança e o adolescente? Uma mãe não tem o poder de manter seu
filho nas ruas, precisa haver amparo para os nossos técnicos poderem atuar
nessa área. Uma assistente social se depara com uma mãe com um filho ainda no
seu ventre e não pode tirá-la dali, porque ela se recusa a sair! E acontece
muitas vezes.
Minha passagem pela
FASC foi breve, mas eu me deparei com algumas situações complicadas em que a
própria Brigada Militar era chamada para servir de testemunha, porque não podia
agir, e muitas vezes nós não encontrávamos respaldo no Judiciário para poder
atuar. Não é uma questão de arrancar à força, mas, feito o primeiro contato,
Ver. Luiz Braz, feito o segundo contado, vai-se lá na terceira semana, e a mãe
continua debaixo do viaduto... Opa! Alguma coisa tem que ser feita com maior
rigidez, para preservar a criança que está no ventre da mãe! Obrigado, Srª
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; Débora, é um
prazer recebê-la aqui com este tema; Dr. Afonso Armando Konzen. A quinta-feira,
Verª Sofia, que muitas vezes é criticada aqui na Câmara, hoje está valorizada
com a presença do Dr. Afonso, porque este tema sobre o qual o Dr. Afonso fez
uma boa reflexão é algo que eu acredito que seja inesgotável no momento.
Vou me atrever a
dizer que Partidos políticos com algumas pregações extremamente radicais no
passado, tentando avançar, ganhar espaço e ganhar adeptos, foram os grandes
responsáveis pela destruição de famílias. Eu acredito que aquele apelo que foi feito
há mais ou menos trinta anos, quando da criação do PT, pregando uma liberdade
total e colocando na cabeça do jovem que ele não devia mais respeito a ninguém,
fazendo com que as famílias ficassem completamente desarvoradas... O respeito
dentro das famílias começou a terminar, o tráfico de drogas começou a aumentar,
os jovens começaram a perder o seu rumo.
E vários Partidos
políticos, para buscar adeptos e para buscar reforços para suas teses, foram
para dentro de escolas e lá procuraram fazer com que jovens que nem sabiam o
que estavam fazendo viessem para os seus movimentos e, muitas vezes, os
seguissem pelas ruas da Cidade, falando sobre temas sem saber o que estavam
falando, pintando as suas caras, muitas vezes consumindo bebidas alcoólicas,
drogas, para que pudessem estar ali felizes e contentes. Diziam assim: “Olha,
veja, que maravilha, o jovem já tem consciência, e eles vão para as ruas agora
também fazer os seus apelos políticos”. E não era verdade, eram apenas alguns
líderes que estavam carreando esses jovens.
Com tudo isso, Dr.
Konzen, as nossas famílias foram sendo destruídas. Aliado a isso, infelizmente,
há uma mentira muito grande de que conseguimos combater o problema da fome, do
analfabetismo, das diferenças que existem entre os diversos segmentos da
sociedade. Nós estamos tentando nos enganar e enganando a população quando
falamos sobre isso. Cada vez mais estamos distanciando os vários segmentos da
população, e hoje principalmente as classes sociais mais baixas não encontram
condições para prover as necessidades de suas famílias. Por isso mesmo, elas
vão se desintegrando, desarvorando-se; por isso mesmo, depois começamos a falar
que temos que fazer instituições, institutos, isso e mais aquilo para poder dar
respaldo aos jovens!
Ora, mas nós devíamos
fazer isso dando boas escolas! Onde está o orçamento público, que, na verdade,
não é tão bem usado assim para fazer com que boas escolas possam existir, para
poder igualar todos os jovens dentro da sociedade? Hoje a gente não tem isso,
como a gente não tem boas escolas. A gente tem famílias desarvoradas, a gente
tem pessoas que ganham muito pouco, pessoas que vão se filiar ao Bolsa Família
para tentar sobreviver e ficam também no cabresto de Partidos políticos e de
pessoas que são líderes políticos deste País. Ah, nós estamos realmente muito
longe de chegarmos a algum tipo de solução! Não será, realmente, com trabalhos
das instituições e nem dos programas que estão colocando por aí que nós vamos
consertar alguma coisa.
Nós teríamos que consertar, na verdade, no meu modo
de ver, Dr. Afonso, o tipo de sociedade que nós temos hoje, tentar corrigir um
pouco este fosso que existe entre aqueles que são da classe A, aqueles da
elite, e aquele pessoal que ficou lá na rabeira. Se nós não conseguirmos fazer
isso, realmente toda a pregação que nós fizermos não será correta, e eu acho
que nós vamos fazer vários esforços que não vão chegar à parte alguma. Mas
sempre é bom conversar com alguém como o senhor, que tem cultura suficiente,
que conhece o assunto e que vem aqui à Câmara de Vereadores disposto a debater
esse tema, mas, com toda a certeza, eu acho que nós estamos ainda muito longe
de...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Solicito ao Ver. DJ Cassiá que conduza os
trabalhos, pois farei um atendimento direto aos estudantes, o que me foi
solicitado pelo Memorial; em seguida retornarei.
(O Ver. DJ Cassiá assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em
Comunicações.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. DJ Cassiá, presidindo os trabalhos; Dr. Afonso
Armando Konzen, Promotor Público; nossa representante da Escola do Legislativo,
recebam os nossos cumprimentos. Dr. Afonso, ouvindo-o atentamente, percebi que
o senhor é um entusiasta do assunto, por isso quero cumprimentá-lo. Também
quero mandar um abraço ao Dr. Luciano Murat, que, corajosamente, nos acompanhou
quando pretendíamos fazer - e fizemos em parte - a mudança na legislação
municipal que trata do regramento e das exigências das eleições para os
Conselheiros Tutelares em Porto Alegre. Eu já disse desta tribuna mais de uma
vez, e não custa repetir, até porque é um momento muito próprio para que se
faça isso: aqui em Porto Alegre nós instituímos a Ficha Limpa. Hoje, alguém
para concorrer ao Conselho Tutelar precisa apresentar, além das exigências da
qualificação do nível de conhecimento, a ficha cível e criminal. Infelizmente,
Dr. Konzen, no Brasil hoje, não é exigida a Ficha Limpa para quem concorre a
Vereador, Deputado, Senador, Governador e Presidente da República. Aqui já tem
Ficha Limpa, com muita luta, mas se fez.
Este Vereador, vencido pelos seus Pares, disse
infinitas vezes aos Conselheiros que acompanhavam aqui que uma das nossas
bandeiras, Dr. Afonso, era a possibilidade de o eleitor votar num único
candidato. Sabe por que, Doutor? Para enfraquecermos um pouquinho esse mando de
Partidos, de líderes políticos e de igrejas na eleição do Conselho Tutelar.
Essa parte nós não conseguimos, mas em muito nós progredimos. Para meu
conforto, em parte, alguns Conselheiros me procuraram há poucos dias e me
disseram: “Vereador, o senhor tinha razão.” Como o voto não é obrigatório,
formam-se, evidentemente, as estruturas partidárias, as estruturas eleitorais
em torno dos candidatos, e, muitas vezes, com certeza absoluta, não é eleito o
melhor, mas o que tiver melhor estrutura de transporte de eleitores.
Eu não preciso ficar repetindo, é só acompanharem
agora, nos próximos dias, as eleições. Quem tiver dúvida vai constatar isso.
Por isso eu acho que uma das mudanças que poderia vir seria atrelar - mas isso
não depende do Município nem do Estado - as eleições para o Conselho Tutelar às
eleições majoritárias do Brasil. Mas, sem sombra de dúvida, precisamos fazer o
registro: aqui em Porto Alegre nós progredimos. Fica o meu registro quanto a
essa luta que nós tínhamos para que o eleitor pudesse votar só em um candidato.
Nas últimas eleições isso ficou claro, evidente, a imprensa divulgou, houve um
segmento religioso que disse: “Esta microrregião é minha e aquela é tua”. Está
na imprensa, saiu nos jornais, esse foi o motivo que nos levou a propor a
mudança. E o Dr. Luciano Murat sabe perfeitamente disso, acompanhou-nos e deu-nos
o maior apoio.
Para finalizar, quero ressaltar o que a maioria dos
colegas Vereadores disse: nós precisamos, sim, de escolas que contemplem além
do estudo... Porque a educação está meio desvirtuada; não é na escola que nós
buscamos educação, a educação vem de casa, mas, tudo bem, ajuda, na escola nós
buscamos a cultura, enfim. Nós precisamos de escola de turno integral. Ontem eu
dizia que o pobre, aquele que não tem recurso, precisa de escola, um lugar para
se alimentar e para praticar esporte. Hoje eu já não sei mais, eu acho que
também o rico precisa disso, porque os jovens saem dos colégios e vão para
frente do computador usar a Internet. Então acho que temos que ter colégio de
turno integral para todos. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores; minha cara Diretora Débora, da nossa Escola Legislativa; meu
caro Dr. Afonso Armando Konzen, em primeiro lugar, eu quero lhe agradecer pelas
bondosas palavras que referiu em relação à minha pessoa, quero dividi-las com
todos os meus Pares.
Eu sempre disse que as nossas crianças e os nossos
adolescentes não são a nossa esperança para o amanhã; elas são a certeza do
nosso amanhã. Por outro lado, sempre afirmei e continuo afirmando que o direito
nasce do dever. Então não basta que sejam dados direitos aos adolescentes e às
crianças, nós precisamos de pessoas, de entidades que cumpram com o dever de
assegurar aquele direito. Nós, legisladores, professores, pais, cidadãos -
enfim, toda a sociedade - temos a responsabilidade, temos o dever de procurar
informação, de procurar aprimorar os conhecimentos para garantir que os jovens
sejam a esperança de um futuro bom, a certeza de um futuro bom, e não de um
futuro duvidoso.
Nós vimos aqui um adolescente de 13 anos, o Ariel,
que, segundo o Presidente dos trabalhos, neste momento, lhe deu uma lição de
síntese: em três minutos ele pôde dizer, realmente, toda a preocupação que
tinha com as praças da cidade de Porto Alegre. É verdade que ele se esqueceu de
dizer que nós, cidadãos, também temos a responsabilidade e o dever de cuidar
das praças, mas o dever maior que nós temos, não há dúvida nenhuma, é com as
nossas crianças e com os nossos adolescentes.
Vossa Excelência hoje nos deu uma verdadeira aula.
Nós precisamos que mais doutores Konzen promovam palestras, divulguem essa
necessidade de proteção às crianças e aos adolescentes. E aí é possível que nós
todos aprendamos, nós temos o dever de preservar o homem de amanhã. Saúde e
PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Ver. DJ Cassiá, dirigindo os trabalhos da presente Sessão; Dr. Afonso
Konzen, quero cumprimentá-lo pelo brilhante trabalho, pela palestra que fez,
com a sua convicção, com a sua palavra fluente. Quero registrar, já conhecendo
V. Exª do Ministério Público, a importância que tem como membro do Ministério
Público para o Estado do Rio Grande do Sul. Meus cumprimentos também à nossa
Débora, colega da Casa, Diretora da Escola Legislativa.
O tema é, diríamos, amazônico, com um aspecto que,
ao trazermos aqui, nos levaria a deduzir um conjunto de opiniões e
providências. A fase etária mais importante da vida, da construção do ser
humano, é exatamente a da criança, quando ela começa a se formar orgânica e
psicologicamente; e logo vem a fase da adolescência, quando ela começa a se
integrar no processo, na vida, na sociedade, na vida de relação.
Sobre os instrumentos
de Estado, ao lado de tantas iniciativas, é preciso que reconheçamos que
tivemos avanços. E Vossa Excelência, com muita propriedade, destacou um ponto
que é constatável vix oculus, se andarmos
na cidade de Porto Alegre. Evidentemente, esta observação, que é altamente
positiva, nos entusiasma e convoca-nos, para que trabalhemos todos criando uma
cultura de defesa do direito da criança, não só da criança, mas do direito da
criança - essa nova concepção, que vem sendo adequadamente colocada.
Temos notado, nas
nossas observações, que estamos devendo reformatações no conjunto de
instrumentos que cuidam, de uma forma institucional ou social, da criança. Um
dos instrumentos é o Conselho Tutelar, que avança, mas avança, Verª Maria
Celeste, muito devagar. O critério! Ninguém mais do que nós sustenta o
princípio eletivo. Agora, sobre qualificar puramente, no princípio eletivo, a
escolha, nós vamos ter que discutir bastante. O Ver. Bernardino já trouxe as
questões - a politização, seja ela religiosa, seja ela partidária, da
constituição humana do Conselho Tutelar - e outros fatores que vamos ter que
trabalhar muito, porque é um instrumento importante. Mas, na medida em que é
importante, é também um instrumento extremamente frágil, despossuído
materialmente para dar cobro às suas próprias regras institucionais. Então, há todo um caminho a percorrer, há toda uma luta a fazer. De
qualquer forma, queremos cumprimentá-los por esta Sessão, que traz um tema fundamental
para a sociedade.
Mais uma vez
registro, Dr. Konzen, as nossas homenagens, pelo seu entusiasmo, pela sua
palavra fluente, criativa, num tema que é fundamental para o País, para a
sociedade. Aqui se viu na tribuna o menino fazendo uma síntese que eu não
consigo fazer, projetando a casa, a limpeza da casa arrumada na praça e na rua.
Então, são coisas extraordinárias. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ
Cassiá está com a palavra em Comunicações.
O SR. DJ CASSIÁ: Ver. Toni Proença, na
presidência dos trabalhos; Dr. Afonso, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, boa-tarde. Quero
dizer à Verª Maria Celeste - é uma grande lutadora junto à criança, ao jovem e
ao adolescente; tem uma luta incansável nesta Casa e fora dela também - e aos
que me escutam neste momento: dizem que o jovem é o futuro ali adiante, que
temos que preparar o jovem para o futuro. Eu discordo disso. O futuro do jovem
tem que ser hoje! As oportunidades, Ver. Elói, não podem esperar, porque,
quanto mais se espera, mais oportunidade se dá para que muitos e muitos jovem
acabem se perdendo aí pelo caminho, Ver. Nilo Santos. Então, eu discordo quando
dizem que o futuro tem que ser lá; o futuro tem que ser hoje.
O futuro é
responsabilidade nossa, é responsabilidade da sociedade. Agora, a prevenção -
Ver. João Antonio Dib, o senhor como nosso Conselheiro nesta Casa - começa pela
educação. Vejam bem, é o raciocínio rápido de quem não fez a faculdade escrita, mas que está ainda fazendo a faculdade da vida, que nos ensina muito.
Ora, uma menina que faz faculdade, universitária, tem, no máximo, um, dois
filhos ou nenhum filho. E aquela menina que mora lá na periferia, que tem que
acordar às 5 horas, muitas vezes para pegar um ônibus lotado, levando a sua
marmita, por falta de oportunidade para estudar? Enfim, essa ainda é uma
privilegiada, porque tem um trabalho, ainda é uma privilegiada! Mas e aquela
que não teve a oportunidade dessa que acorda às 5 horas? Chega a ter quatro,
cinco, seis, sete filhos.
Aí, Ver. Nilo Santos,
acontece o que o senhor falou aqui: como é que uma mãe, sem estrutura nenhuma,
tem cinco, seis, sete filhos, Ver. Tarciso? Qual é o caminho dessas crianças
ali adiante, no futuro? Não é preciso que eu diga. Abram as páginas policiais.
É ali que está, infelizmente, o futuro dessas crianças. Olha, Ver. Brasinha,
nós dois aqui e mais alguns outros colegas nossos fomos abençoados por Deus.
Nós fomos abençoados por Deus, Ver. Brasinha, porque poderíamos estar hoje,
talvez, não sei onde! Mas tivemos, Ver. Brasinha, uma das partes mais
fundamentais: a importância da participação familiar, da educação dentro de
casa, que ajuda no trabalho do Conselheiro ali adiante também. A educação é
fundamental, mas ela também é fundamental dentro da nossa própria casa.
Eu quero aqui dizer,
Dr. Afonso, que eu não concordo cem por cento com a forma como são feitas hoje
as eleições dos Conselhos Tutelares. Concordo com o que o Ver. Bernardino
acabou de dizer aqui nesta tribuna: a maior parte, não todos, é comandada e
articulada por alguns e por outros, não vou citar nomes. Agora, vou narrar
aqui, Dr. Afonso, o seguinte, vou ser rápido: eu conheço um cidadão que mora
aqui na Cruzeiro, que presta um trabalho sensacional, um trabalho direto com as
crianças; chama-se Tinga, que o senhor conhece muito bem, Ver. Tarciso, da Vila
Resbalo. Eu estive visitando, há poucos dias, a Colônia de Férias da Cruzeiro;
eles se organizam e levam aquelas crianças - muitas não têm mais pai e nem mãe
- para passear na Colônia de Férias, em Pinhal. Ele não passou na prova. Não
passou na prova, Doutor! Mas a maior prova dele e de muitos outros que não
passaram é o seu trabalho, a sua dedicação, o carinho a essas crianças! Eu
encerro aqui, Ver. Toni Proença, e agradeço-lhe, dizendo o seguinte, Ver. Dr.
Thiago: “Eu só quero ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”!
Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra em Comunicações.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. DJ Cassiá; prezado Dr. Afonso Konzen; prezada Débora, nossa
Diretora da Escola Legislativa; o tema da proteção e dos direitos à criança e
ao adolescente é um tema de alta relevância e de prioridade das políticas
públicas. O senhor discorre aqui sobre um conjunto de situações, e eu vou me
deter em Porto Alegre e no que diz respeito ao papel desta Casa no processo.
Porto Alegre foi
pioneira - todos nós sabemos - na atuação no campo da criança e do adolescente;
a primeira Capital a instalar foi Porto Alegre, lá em 1991, 1992. Agora, nesse
período, nesses vinte anos, demonstrou-se um conjunto de problemas e, também,
um conjunto de limitações. E o senhor refere-se a três grandes segmentos que
apresentaram e apresentam as maiores resistências à política dos direitos e de
proteção das crianças e dos adolescentes: a segurança, as escolas - portanto, o
sistema de educação - e a imprensa, se não me falha a memória. Agora, esses
três segmentos, quando acontece qualquer problema envolvendo criança, com a
gravidade que é comum na nossa sociedade, divulgam com muito alarde os tristes
fatos.
Muitos dos problemas
que são levantados são dirigidos ao Conselho da Criança e do Adolescente e aos
Conselheiros, mas muitos não dizem respeito à atuação dos Conselheiros. Temos
problemas na atuação de Conselheiros? Temos. Mas quero falar aqui da Rede, da
Rede de Proteção. E vou iniciar por um tema fundamental, que é a questão do
direito à educação ou ao ensino. Ontem à tarde, aqui nesta Casa, o grande
debate que se deu foi em função do Orçamento do Município, quando a Casa
aceitou um Veto do Sr. Prefeito Municipal a uma Emenda que propunha iniciar um
projeto de escola infantil, do Ensino Fundamental, numa região que tem um vazio
educacional, que é a Região Sul e Extremo Sul da Cidade. Infelizmente, o debate
que prevaleceu aqui foi o debate da tecnocracia e da análise
técnico-orçamentária.
Em Porto Alegre, nós
temos hoje em torno de 4,5% a 5% de população analfabeta. A região que tem o
maior índice de analfabetismo é a região da Restinga e do Extremo Sul da cidade
de Porto Alegre. São as regiões que têm as menores rendas per capita por chefe de família, onde há o maior número de mães
chefes de famílias. E, lá naquela região, há um vazio educacional; não existe o
Ensino Fundamental, escolas públicas municipais. E quero trazer este debate aqui
porque, ontem, quando discutimos o Orçamento, é claro, disseram que não tem
dinheiro, que não tem dinheiro - e prevaleceu a história de não ter dinheiro.
Eu creio que, a Câmara, somando-se ao trabalho que o senhor desenvolve, poderia
fazer um novo debate exclusivamente sobre o tema dos vazios do ensino
educacional na cidade de Porto Alegre, no que diz respeito ao papel do
Município no Ensino fundamental.
Inclusive, agora, a partir de 2016, todas as
crianças com mais de quatro anos estão na esfera do Estado e do Município, que
devem acolhê-las obrigatoriamente. Portanto, um Conselheiro Tutelar, quando
recebe uma mãe que está à procura de uma escola para os filhos e não consegue
atendê-la, passa a ter a pecha de incompetente, enquanto que a falha está na
Rede de Proteção e de Acolhimento, está na proteção aos direitos.
Eu teria muitos outros temas para tratar aqui.
Quero dizer que sou favorável e defensor do voto distrital, mas não do método
que foi adotado para ser executado nesse momento. Nós fizemos um debate, quando
da reformulação da lei das crianças e dos adolescentes, que foi amplamente
debatida. Fizemos um acordo de não avançar nesse tema para amadurecermos o debate.
Agora, a tecnocracia, em cima da hora - do meu ponto de vista, foi uma ação
tecnocrática -, decide mudar as regras do jogo. Mas, particularmente, sou
favorável ao voto distrital, porque, se atua numa região, deve ser,
preferencialmente, escolhido por aquela região. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Srª Diretora da Escola do Legislativo,
Débora; Dr. Afonso Konzen, é uma honra recebê-lo em nossa Casa, discutindo um
conteúdo tão importante, um debate que faz parte da Ordem do Dia, por conta do
Conselho Tutelar, mais especificamente o conteúdo do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Há vinte anos no Brasil nós avançamos com uma nova Constituição;
avançamos na democratização; avançamos na ousadia de ter uma legislação
específica para a criança e o adolescente, que eu digo a mais avançada que se
pode ter em vista no mundo todo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente vem com esse
avanço e vem, sobretudo, para sinalizar que a criança e o adolescente são
sujeitos de direitos e não mais objetos da ação da sociedade, do governo, ou do
próprio adulto, como preconizava o antigo Código de Menores. A partir desse
novo olhar sobre a infância, nós tivemos em nosso País muitos avanços. Muitos
avanços! Houve a inclusão e a criação de programas para dar conta do
atendimento à área da infância; nós tivemos avanços significativos com a
criação dos Conselhos de Direitos, tanto em nível nacional, quanto estadual,
nos Municípios do nosso Brasil; nós avançamos quando foi criado um sistema
nacional socioeducativo; avançamos quando as Câmaras Municipais, as Assembleias
e o próprio Congresso Nacional criaram as Frentes Parlamentares em Defesa da
Criança e do Adolescente, pautando esse tema no cotidiano e aí incidindo
também, Ver. Comassetto, sobre os Orçamentos da Cidade, dos Municípios; nós
avançamos quando lutamos pela criação de uma Rede de Proteção que atendesse às
demandas especificamente dos Conselhos Tutelares, no reordenamento dos abrigos,
na busca incessante do Ensino Fundamental; aqui, o Estado do Rio Grande do Sul,
através do Ministério Público, criou a famosa FICAI, a Ficha de Comunicação do
Aluno Infrequente, possibilitando um direito fundamental para os nossos
adolescentes, para as nossas crianças, que é o direito à educação. É uma ficha
que serve de modelo para o Brasil como um todo. Nós conquistamos, ao longo
desses anos, várias questões importantes, como agora, na última reforma do
Estatuto da Criança e do Adolescente, a tipificação, a inclusão no ECA como um
crime perfeitamente identificado, caracterizado, a questão da exploração sexual
de crianças e adolescentes em nosso País.
Agora, apesar de todos esses avanços, que
certamente o Dr. Konzen relatou para nós com uma maior propriedade -
lamentavelmente eu ainda não estava aqui, porque estava atendendo no espaço da
Ouvidoria da Câmara Municipal, no Mercado Público -, nós ainda temos muito a
conquistar, nós ainda temos muito a fazer. Falta prioridade por parte do Poder
Público quanto à eficácia, à efetivação e à qualificação da nossa rede de
atendimento. Aqui, o Ver. Comassetto falou muito bem quando trouxe o exemplo de
que muitos Conselheiros Tutelares precisam fazer os encaminhamentos de uma
determinada situação, mas não encontram o suporte na rede do atendimento. Não
encontram o atendimento adequado na questão da educação, na questão da
drogadição, enfim, para tantos problemas que nós temos no dia a dia.
Quero aqui falar especificamente sobre o Conselho
Tutelar. Eu acho que Porto Alegre avançou não apenas por ser a primeira Capital
a implantar os Conselhos Tutelares no Brasil há 18 anos, mas avançou na
qualificação da legislação, na qual trabalhamos com afinco, através de duas
Comissões Especiais que esta Casa fez e colaborou, fazendo a sua parte. Embora
estejamos vivendo um momento bastante difícil no processo eleitoral que está já
em curso na cidade de Porto Alegre, a Câmara colaborou, os Vereadores
colaboraram na configuração de uma nova legislação para a eleição dos
Conselheiros Tutelares.
Lamentavelmente, o tempo é muito curto, mas eu
queria, só para completar, dizer que a degradação da família não é de
responsabilidade da criança, do adolescente, do jovem, como foi dito nesta
tribuna. A dissolvição de muitas famílias deu-se porque os adultos não
assumiram os seus papéis de pai, de mãe, de cuidadores dessa infância que está
aí. Quem precisa ser protegido é a criança, é o adolescente, é o jovem, que
necessita do carinho, do amor e do cuidado dessa família. E o Poder Público
também tem responsabilidade sobre essa família, porque também precisa investir,
precisa tratar essa família, para que ela possa cuidar dessa criança e desse
adolescente, porque eles, sim, são os sujeitos da nossa ação, são os sujeitos,
de direito e de fato, da proteção do Estado, da família e de todos nós,
adultos, que devemos ser cuidadores. Muito obrigada por sua tolerância neste
espaço.
E eu gostaria muito de poder ouvir, depois, o Dr.
Afonso falar mais sobre os vinte anos - quase vinte e um anos - do Estatuto da
Criança e do Adolescente em nosso País. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra em
Comunicações.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Boa-tarde, querido amigo DJ Cassiá, Presidente desta Casa;
Dr. Afonso; Débora, querida amiga; Vereadores, Vereadoras, todos os que nos
assistem. Quero parabenizar o Dr. Afonso. Fiquei atento à sua fala, e a gente
acha que sabe alguma coisa sobre as crianças!
Eu trabalho há
dezessete anos, Dr. Afonso, dentro das periferias. E foram palavras
maravilhosas as do Ver. DJ Cassiá e lindas as da Maria Celeste. É o que busco,
Verª Maria Celeste; eu busco lá na família, dentro da periferia. O DJ Cassiá
foi muito feliz quando disse que o tempo para cuidarmos dessas crianças é o
presente, porque no futuro só Deus sabe quem serão essas crianças. Serão
grandes cidadãos? Essa é a minha busca, a minha luta; creio que é, também, a
luta dos 36 Vereadores. Quando apresentei o Projeto de Lei para fornecimento de
kit escolar gratuito na Rede
Municipal para todas as crianças, todos os Vereadores foram sensíveis e
aprovaram o Projeto.
Eu vou um pouquinho
mais longe. Há uma espera para que só o Governo faça, mas acho que chegou o
momento de os grandes empresários, assim como todos nós, começarem a ver de
perto esse problema, porque ele é enorme. Na semana passada, deparei-me com
dois muito graves. Por isso, durante toda a minha vida, eu fiz questão de
trabalhar voluntariamente nas vilas, na Ilha, nos bairros; onde há criança, eu
sou voluntário. Também trabalhei na FEBEM da Av. Icaraí, Dr. Afonso, como
monitor ou oficineiro - já era a FASE -, a convite do pai do nosso Ver. Dr.
Thiago, o Dr. Duarte. Foi uma experiência maravilhosa! Eu só aprendi muito
trabalhando com aqueles guris infratores, pequenos infratores, vamos dizer assim. Ali eu aprendi. Procurei ver, de cada um, por que
estava ali. São histórias tristes. E eu não vou esquecer nunca mais na minha
vida de uma frase que eu li na parede de um quarto que abrigava cinco, seis
guris: “Eu não nasci infrator, vocês me fizeram infrator”. É pesada, muito
pesada.
Eu não vim aqui falar
em leis, porque não tenho essa capacidade; eu só peço a todos, Vereadores,
Governo, sociedade: vamos fazer o presente dessas crianças, para que no futuro
sejam grandes cidadãos. Essa é a minha preocupação, Dr. Afonso, Presidente DJ
Cassiá, que tanto luta; Paulinho Rubem Berta, que tanto luta; todos nós aqui,
de uma maneira ou de outra, estamos lutando para ter uma Cidade com mais paz,
mais humana. E essas crianças precisam muito, muito! Gente, é o momento - não é
no futuro, não temos que esperar - de todos nós investirmos nas crianças e nos
jovens. Eu trabalho há dezessete anos na periferia com eles e não sei, Dr.
Afonso, o que será daqui a dez anos. Eu não digo nem na cidade de Porto Alegre,
mas o que será do nosso País? Venho aqui e virei outras vezes para pedir ajuda
a esses “baixinhos”, porque um dia, lá no meu passado, lá embaixo, nas cavernas
de Minas Gerais, eu fui um desses “baixinhos”. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr.
Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre
Presidente, Ver. DJ Cassiá; ilustre Dr. Afonso e nossa Coordenadora da Escola
do Legislativo, não há como não falar quando o tema proposto é a proteção e o
direito da criança e do adolescente. Inicialmente, para não esquecer, Ver.
Tarciso, quero agradecer as suas palavras e dizer que o meu pai deve estar nos
assistindo, certamente ele faria isso pessoalmente.
Não há como não falar em dois tópicos principais,
realidades que nos levaram a estar aqui hoje neste Legislativo. O primeiro é a
drogadição, grande chaga social que acomete não só o País, mas o mundo inteiro,
principalmente com as novas drogas. Deve ser uma preocupação constante dos
Governos Federal, Municipal, Estadual; deve ser uma preocupação constante dos
Legislativos; deve ser uma preocupação constante da sociedade civil organizada;
enfim, de todos. Eu só vejo uma forma, Dr. Afonso, de iniciarmos o combate a
essa situação toda: é não termos vaidades, porque, se tivermos vaidades, se os
segmentos tiverem vaidades, nós vamos sucumbir e deixar o crime organizado
crescer.
Temos uma proposta nesta Casa, e isso se restringe,
neste momento, à legislação municipal que está tramitando nas diversas
Comissões, Ver. Brasinha, que é um Centro Integrado de Combate à Drogadição. Na
verdade, isso é uma ideia que, em todo o mundo científico, já encontra guarida,
porque ninguém é dono completo do conhecimento hoje, e a questão do crack, principalmente da drogadição, tem
que ser atacada de forma multidisciplinar, senão não vamos ter sucesso. Claro
que tem que ser aperfeiçoada pelos colegas, claro que tem ser ouvido o
Executivo, devemos observar as limitações, às vezes, orçamentárias que tem o
Município, que tem o Estado, que tem a Federação, mas, sem dúvida alguma, a questão
da drogadição tem que ser tratada de forma multidisciplinar, e isso
geograficamente tem que acontecer, tem que se ter um local para isso, para que
tenhamos as diversas Secretarias dividindo suas responsabilidades nessa
questão.
E a segunda questão que nos traz a esta Casa
Legislativa e que foi falada por diversos Vereadores é a questão do
planejamento familiar. Hoje não há, no mundo, local onde não se discuta a
questão do planejamento familiar, seja no que se refere à saúde, seja no que se
refere ao meio ambiente. Hoje a grande discussão com relação ao efeito estufa
diz respeito ao aumento populacional deste planeta! E temos que dar
possibilidade de as famílias terem acesso a métodos contraceptivos, para que
elas possam escolher, Ver. DJ Cassiá, como V. Exª falou, de forma livre e
consciente, quantos filhos vão ter.
Então, a questão do planejamento familiar é
prioritária, e as experiências positivas com relação ao planejamento familiar
que Porto Alegre já tem devem continuar a ser executadas e devem ser ampliadas
- cito o projeto de colocação dos implantes como mais uma forma de planejamento
familiar. Essa experiência, em Porto Alegre, não deve passar em branco. Foram
978 implantes subcutâneos abrangendo a região mais populosa da Cidade, a que
mais precisa, referida pelo Ver. Comassetto aqui. Foram 2.500 em toda a Cidade,
dando possibilidade de a pessoa escolher de forma livre e consciente quantos
filhos vai ter.
Eu queria lhe pedir tempo de Liderança, Ver. DJ
Cassiá.
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. DR.
THIAGO DUARTE: Muito obrigado.
Então, é importante que nós possamos seguir com
aquilo que está dando certo e termos essa experiência, como eu outro dia falei
aqui, que já foi copiada por outros Estados, como, por exemplo, o Ceará; e nós
estamos num intercâmbio forte com o Estado e com o Município de Fortaleza,
independentemente de Partido, para poder ter relação com a experiência que eles
vêm tendo lá na questão da Saúde, seja na área do planejamento familiar, seja
em outra área com interface direta com a drogadição, que é a questão da terapia
comunitária.
A terapia comunitária é uma prevenção à questão da
drogadição; ela cria, nas comunidades, verdadeiros gestores de famílias. Baseada na antiga terapia de casais, um psiquiatra cearense chamado
Adalberto Barreto executou as Ocas de Saúde, que, na verdade, dão muito mais um
arcabouço de formação psicossocial para as famílias, algo que muitas vezes, a
gente sabe, acaba faltando. Então, é o combate, a prevenção, com relação à
drogadição, e o planejamento familiar dando independência, democratizando o uso
de métodos contraceptivos.
Eu queria aproveitar
aqui e falar também de um tema que está relacionado diretamente às crianças e aos
adolescentes e que foi pauta da ultima reunião da Comissão de Saúde, inclusive
será pauta da próxima reunião. Conversamos, nesta semana, sobre as pichações em
Porto Alegre. É importante que o nosso público entenda que os pichadores são
completamente diferentes dos grafiteiros. Os pichadores são vândalos, são
pessoas que vão aos espaços públicos e colocam palavras obscenas, ou colocam
alguns hieróglifos, algumas senhas, com relação aos “bondes” - como são
chamados hoje os grupos de pichadores -, vinculados à violência e ao
narcotráfico. Esses são os pichadores. Os grafiteiros compõem outro grupo, eles
são a mais pura expressão da arte jovem da Cidade e devem ser incentivados;
realmente, devem integrar programas no Município de Porto Alegre e podem ocupar
os espaços, principalmente os públicos, que hoje estão sendo sede dos
pichadores.
É muito importante
que a gente faça uma clara distinção entre essas duas situações, para,
realmente, poder incentivar os grafiteiros e punir os pichadores. Esse não é um
crime menor, como muitos pensam. Se Nova Iorque, seguramente, não tivesse
tomado, através do seu administrador na época, Rudolph Giuliani, como excelente
administrador que é - assim como Porto Alegre também tem hoje um excelente
administrador, José Fortunati -, as rédeas do processo, certamente hoje
teríamos, em maior quantidade, locais intransitáveis em Nova Iorque. Os locais
onde foram identificadas pichações, onde foram identificadas pequenas
transgressões, são locais identificados - lá foram, em Nova Iorque - com ausência do Poder
Público, Dr. Afonso. E, certamente, são lugares frequentados pela alta
criminalidade, foi isso o que aconteceu lá. A Prefeitura mapeou esses locais,
houve uma ação conjunta transversal dos diversos Poderes, que puderam, nesses locais,
encontrar egressos do sistema penitenciário, grandes traficantes, pessoas que
realmente estavam sendo procuradas pela Polícia. Então é muito importante a
gente identificar esse tipo de situação.
E o próximo tema - finalizando -, que será
discutido na Comissão de Saúde e Meio Ambiente na próxima semana, é a questão
das praças e dos monumentos da Cidade, para a qual o Ver. Bernardino
Vendruscolo tem um excelente Projeto, no que se refere aos monumentos. Mas é
importante que a Cidade possa ter esses espaços públicos devolvidos à sua
municipalidade, e só vai começar a construir isso a partir de uma ampla
discussão que vai envolver a Comissão de Saúde e que deve envolver todos os
Vereadores e todos os segmentos desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em
Comunicações.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Caríssimo Presidente da nossa Mesa Diretora, Ver.
DJ Cassiá; quero saudar a Mesa e a Escola, que proporcionam, nesta tarde, este
debate temático e trazem, Verª Maria Celeste, um dos quadros mais qualificados,
que é o Professor Afonso Konzen. Conheço-o de longa data, no exercício da
militância no Ministério Público e como professor.
Eu acho que este tema é desafiador. Lembro-me muito
bem de quando, na década de 70, me alistei à luta política, Senador Elói, e nós
bradamos por democracia. E democracia, para nós, é tudo o que estamos
discutindo aqui: uma vida melhor para os cidadãos, justiça, oportunidade,
punição para os corruptos, distribuição de riquezas. Veio a tão sonhada
Constituição, que, aliás, é uma Constituição quase perfeita em tudo, mas
inaplicável em muitas coisas. Dela, Ver. Elói, nasceram as leis
infraconstitucionais, várias delas, e eu poderia citar o Código do Consumidor.
O ECA é uma lei extraordinária, longe ainda da realidade, porque o legislador
pátrio coloca direitos e, às vezes, deveres, mas muitas vezes não coloca ou
quase nunca coloca a chamada fonte de custeio.
Prefeito Dib - Vossa Excelência hoje participou da
abertura do Congresso da Cidade como ex-Prefeito da Cidade -, o cidadão não
mora na União, não mora nos Estados. Ele mora numa comuna, no Município, e ele
tem acesso aos entes municipais, a uma Câmara de Vereadores, aos seus
Vereadores, aos seus Conselheiros Tutelares, à sociedade civil organizada, ao
seu Prefeito, e ele espera respostas em todas as áreas.
Em vários momentos de mesas de debates lá na
Famurs, eu dizia ao Prefeito, aos Presidentes que antecederam e, agora, ao
Zanchin que o primeiro curso que a Famurs tem que fazer para os Prefeitos é o
de malabarista, porque a eles são atribuídas quase todas as responsabilidades,
enquanto gestores, mas os recursos são muito diminutos. Olhando pelo retrovisor
a Constituição, que fez muitas coisas, no capítulo do municipalismo ela até foi
bem, ela fez com que os Municípios tivessem um pouquinho mais de fôlego; mas,
logo em seguida, esse presidencialismo de coalizão orçamentária foi fechando a
torneira, e hoje, de tudo que o Brasil arrecada, nem 14% chega aos Municípios.
Então, foi um ganho - e eu quero concordar, conheço
o seu pensamento, fui seu aluno na Escola de Gestão Pública, onde terminei
minha Pós-Graduação -, foi um avanço, sem dúvida alguma! Não há dúvida em dizer
que houve avanço. Se eu olhar vinte anos atrás e agora, isso é indiscutível!
Correções, temos que fazer? Temos que fazer. Eu ouvi atentamente Vereadores
dizendo do processo eleitoral. Há problemas em todas as eleições: nas nossas,
para Vereador; naqueles que usam a verba pública, como os Deputados Federais,
distribuindo emendas para se reelegerem, fartamente. E, aí, eu poderia
discorrer. Então há problemas, sim, nas eleições dos Conselhos Tutelares.
Eu vou dizer uma coisa desta tribuna, de um
democrata de essência: eu, muitas vezes, me questionei se deveria ter eleição
para Conselho Tutelar. A fórmula, eu não sei como seria, não tenho uma receita
pronta para isso, só sei que, para tratar com uma matéria dessa
complexidade... Eu acho que diploma não dá cultura para ninguém; tem gente que
tem dez diplomas e é um analfabeto completo, porque ele é um analfabeto
político, em primeiro lugar; então, não basta isso. Quero dizer que essa é uma
área muito sensível, que esta matéria é muito complexa e que, portanto, é
difícil tratá-la; então, fica aqui, professor, só uma opinião: acho que este é
um tema que, para além do plenário, a gente poderia, quem sabe, estendê-lo um
pouco mais, Débora - para as nossas Comissões ou de outra forma -, porque ele é
muito caro. Não existe, para nada, fórmula pronta, aqui especialmente; a
caminhada faz-se caminhando. Acho que Porto Alegre tem resultados, se eu olhar
para as Capitais brasileiras, nesta área é um pouco melhor, mas também tem as
suas mazelas.
Portanto, fica aqui o
desafio de que é um conjunto de ações que vai fazer o País melhor. A grande
obra de um Governo não é inaugurar ponte, não é inaugurar prédio, não é
inaugurar asfalto; é inaugurar pessoas. No Brasil, tem-se inaugurado muito
poucas pessoas, essa é uma grande realidade que nós vivenciamos no nosso País.
Há uma inversão: é um País que tem uma grande riqueza, nós nos estamos
vangloriando de sermos, ali na frente, a sétima economia do mundo - a sétima
economia do mundo! -, mas uma das maiores injustiças sociais do mundo que eu
conheço não está na Indonésia, nem na China, nem em Taiwan; está aqui no Rio Grande, no Brasil. Este País tem tudo para dar
certo, mas temos que diminuir a desigualdade! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Waldir
Canal está com a palavra em Comunicações.
O SR. WALDIR CANAL: Saúdo o Presidente DJ
Cassiá, a Mesa - o Dr. Afonso Armando Konzen, a nossa Diretora da Escola - e os
Srs. Vereadores. Quero falar a respeito deste tema, mas voltado para a
estrutura do Conselho Tutelar. O assunto do momento é a eleição do Conselho. No
momento que vivemos, as atenções estão voltadas para a eleição daqueles que vão
comandar o Conselho durante estes três anos. Mas um assunto que não pode fugir
à pauta - e o tema hoje nos leva a refletir também - é a questão da estrutura
física do Conselho Tutelar, as condições de trabalho do Conselheiro Tutelar. É
necessário que nós aqui também venhamos debater essa falha e trazer para este
assunto as pessoas que trabalham fiscalizando, apoiando, dando, por exemplo,
condições para que o Conselheiro Tutelar possa atender a população e dar um
destino digno para as crianças que estão em situação de vulnerabilidade.
Nós temos
conhecimento de Conselheiros que, quando vão atender a população na sua
microrregião, encontram famílias em conflito, em pé de guerra, vamos dizer
assim, e a criança está no meio do conflito. Há Conselheiros que são agredidos
verbalmente, temos o problema dos Conselheiros que têm problemas de saúde,
muitos com depressão, por causa de uma carga de trabalho, por alguma pressão,
uma situação social difícil de lidar. E nós não vemos um respaldo, uma
retaguarda, um apoio para esses que dão a vida em prol das crianças e dos
adolescentes. Não é fácil ser Conselheiro Tutelar. Eu admiro as pessoas que se
dispõem a trabalhar com essas crianças e adolescentes, haja vista os crimes, a
barbárie que temos enfrentado e temos visto, a violência contra as crianças.
Nunca se viu tanta violência exposta como temos visto! É na tevê, é na
Internet, é na rua, é em todos os lugares, e o problema de drogadição,
violência e marginalidade envolvendo a criança e o adolescente vai parar lá no
Conselho Tutelar. Crianças nas ruas, pedindo, passando fome, dormindo nas
ruas... Vai-se levar para onde? Onde estão as casas de passagem adequadas? Onde
estão? As que existem são poucas. E os filhos das mulheres apenadas? Então, o
problema é muito grande, é complexo! Concordo com o Vereador que me antecedeu,
mas nós, na Câmara de Vereadores, temos que ter esse olhar, buscar melhores
condições de trabalho na questão do aprimoramento dos Conselheiros Tutelares,
dar atualização e apoio psicológico a eles.
Venho à tribuna para
parabenizar o Dr. Konzen por trazer esse tema nesta Sessão, mas também para
chamar a atenção para essa realidade. Todos sabem que é uma realidade. Hoje
está na vitrine a eleição, mas a situação dos três anos de realidade do
Conselho Tutelar que temos visto e acompanhado é cruel. Os Conselheiros
Tutelares, muitas vezes, não têm onde se apoiar para poder resolver os
problemas da sociedade. A Câmara de Vereadores tem esse compromisso, estamos
atentos a isso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Devolvo a
presidência dos trabalhos à Verª Sofia Cavedon.
(A Verª Sofia Cavedon
reassume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr.
Raul Torelly está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. RAUL TORELLY: Srª Presidente, é uma
grande satisfação poder utilizar este momento de Liderança, muito especialmente
para cumprimentar o Dr. Konzen, nosso palestrante; nós sabemos de todo o seu
trabalho na área da criança e do adolescente.
Realmente todos nós,
muito especialmente quem é ligado à área da Saúde, à população carente, à base
da comunidade - como eu, há 30 anos; ainda trabalho na Vila Campo da Tuca até
hoje -, convivemos com as necessidades da criança e a necessidade do
planejamento familiar. Precisamos de famílias bem planejadas. Hoje estamos
recebendo a visita da ONG Posso, o pessoal está nos dando o prazer da presença.
São pessoas que trabalham em Alvorada, em Guaíba, em Porto Alegre, levando o
planejamento familiar. É aquela situação das pessoas mais carentes, que não têm
acesso, muitas vezes, à rede pública, e a ONG está fazendo uma parte que o
Poder Público deve fazer com mais intensidade. Precisamos levar informação,
educação e acesso, para que as pessoas possam ter os filhos que realmente
queiram ter, e não aqueles filhos que a sociedade, a sua condição de vida, a
sua miserabilidade, a falta de informação, muitas vezes, lhe impõem. Então,
acreditamos que temos uma frente conjunta para trabalhar, que é a Frente do
Planejamento Familiar, buscando famílias bem constituídas, informação e muito
especialmente aquela atenção básica que temos que ter com as nossas crianças no
dia a dia, para que elas sejam crianças bem estimuladas, bem acarinhadas, e que
as mães sejam orientadas.
Com relação a isso,
há um Projeto aqui na Casa que coloca Porto Alegre, de uma maneira permanente,
dentro do Programa Primeira Infância Melhor, o PIM. Para quê? Para desenvolver
o sentimento de cidadania nessas pessoas, para que não tenhamos, lá adiante,
crianças que se transformaram em adolescentes ou crianças drogadas, sem
instrução, sem qualidade de vida. Nós queremos realmente trazer para as pessoas
uma qualidade de vida, uma dignidade, um respeito. Com relação a isso, é muito
importante que nós, enquanto estamos aqui na vida pública, façamos efetivamente
a nossa parte. A nossa parte é difundir a informação, a saúde, as ideias, mas
também atuar nas áreas que podemos atingir.
Essa área do
planejamento familiar, por exemplo, é uma área a que me dedico há muito tempo e
eu tenho conseguido alguns bons resultados, mas precisamos avançar muito ainda
nessa matéria, precisamos avançar na área da Educação, na área do acesso lá
dentro da comunidade. Lá na comunidade, muitas vezes, a criança está fazendo
parte de um sistema em que está a droga, em que está o traficante, e isso leva
a uma sociedade muitas vezes com insegurança, com dificuldades sociais importantes
e sem qualidade de vida. Na realidade, estamos buscando uma sociedade em que
todos nos sintamos melhor para viver, em que tenhamos pessoas educadas, com
qualidade, em que possamos parar em uma sinaleira com os vidros abertos, em que
possamos realmente ter pessoas se relacionando de uma maneira igual, de uma
maneira tranquila, em que não haja esse descaso todo em relação à drogadição,
que é um descaso que nos acompanha há tanto tempo.
Nos últimos dez anos,
com o advento do crack, cada vez
estamos em uma situação de maior dificuldade. Não é à toa que temos, hoje, mais
de cem mil viciados em crack no
Estado do Rio Grande do Sul. Há pouco se falava em sessenta mil; hoje se fala
em cem mil, e, apesar de todas as ações do serviço público para combater a
droga, para combater a entrada da droga no País, a sua disseminação, as ações
ainda são muito insuficientes. Temos que avançar muito nessa matéria, dando a
nossa participação para construirmos uma sociedade melhor para se viver. E essa
sociedade melhor passa pelo planejamento familiar, pela educação, pelo trabalho
efetivo na qualificação das famílias, das crianças, dos adolescentes.
Precisamos estar permanentemente ligados nisso, não apenas falando, mas
executando ações importantes que façam, efetivamente, a diferença na sociedade.
É esse o objetivo do nosso mandato, por isso estamos aqui lutando. Muito
obrigado e saúde para todos.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Sr. Afonso Armando Konzen está com a palavra.
O SR. AFONSO
ARMANDO KONZEN: Presidente Sofia, Srs. Vereadores, eu noto que as
inúmeras manifestações dos edis desta Casa reúnem uma multiplicidade muito
rica, visões muito particulares de cada um, de uma problemática que tem um
potencial inesgotável, parece-me que também é essa a percepção. Não me atrevo
aqui a fazer um resumo, mas eu diria que certamente se percebe, nesse contexto,
o grande desafio que a infância e a juventude de Porto Alegre nos provocam,
como responsáveis que somos não só pelo futuro, mas pelo presente desta Cidade,
estejamos onde estivermos, mas fundamentalmente esta Casa. Parece-me,
Presidente, que problemas existem, subsistentes e são prementes. Questões
malresolvidas, mal-encaminhadas continuam a nos desafiar, mas se percebe aqui,
nas inúmeras manifestações, que a responsabilidade é considerada pública, uma
responsabilidade do cidadão, da Cidade; que precisamos avançar, radicalizar os
nossos esforços em busca da superação das nossas dificuldades, e que precisamos
abrir, descobrir os caminhos para avançar. Com essa mensagem, Presidente,
cumprimento-a pela iniciativa, tive enorme satisfação por estar aqui. Eu
continuo me colocando à disposição desta Casa como membro do Ministério
Público, no que puder contribuir, para que a nossa infância possa ter uma
proteção integral, como exige a nossa Constituição. Muito obrigado, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Dr. Afonso.
Eu proponho à Escola do Legislativo, à nossa
Comissão de Direitos Humanos, à Verª Maria Celeste, que tem uma larga
experiência na temática do Conselho Tutelar, que a Casa possa promover um curso
de formação - pelo menos um, logo depois da eleição, curso com esta parceria
toda - para os Conselheiros Tutelares. Acho que nós temos condições de ofertar
espaço, de ajudar a mobilizar, nós temos responsabilidade com o antes, o
durante e o depois, não tenho a menor dúvida. Muito obrigada pela sua presença
aqui. A Débora, nossa Diretora, entregará a V. Exª um mimo da Escola do
Legislativo, agradecendo-lhe pela presença. Faço questão que ela lhe entregue
em nome de todos os Vereadores.
(Procede-se à entrega de um mimo da Escola do
Legislativo.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
neste momento, nós abrimos um espaço na Sessão para a instalação da Frente
Parlamentar do Metrô. Frente que esta Casa aprovou e que tem uma tarefa
importante: contribuir com para a vitória da aprovação do Projeto de Porto
Alegre para inclusão no PAC da Mobilidade Urbana.
Queria solicitar ao Presidente da Frente a lista
dos Vereadores que aderiram à Frente, eu tenho certeza de que devem ser quase
todos. Se alguém não assinou, foi por dificuldade de encontro. (Pausa.) Fazem
parte da Comissão Parlamentar para Estudo do Sistema Viário os Vereadores Adeli
Sell, Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Dr. Thiago Duarte, Engenheiro Comassetto,
Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Fraga, Mario Manfro,
Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha
Negra, Toni Proença. Outros Vereadores ainda poderão assinar.
Convido para compor a Mesa o Sr. Rafael Prestes, da
Assessoria da Secretaria de Planejamento do Governo do Estado, que representa
aqui o Secretário Estadual de Planejamento, Sr. João Motta, obrigada pela
presença; e o Sr. José Augusto Amatneeks, representando a Presidência da
Trensurb. Convido o conjunto dos Vereadores para fazermos a foto da Frente
Parlamentar. (Pausa.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Escuto V. Exª, Ver. Airto
Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu até pretendia
falar em Liderança, mas acho que o momento é oportuno para registrar que nós já
enviamos um convite aos Vereadores que fazem parte da Comissão da Copa, para a
nossa reunião de segunda-feira, às 9h30min. A pauta da reunião será a aprovação
daquela nossa composição que se apresentou e a discussão sobre o dia e hora em
que vamos fazer as nossas reuniões ordinárias. Estamos convidando os Vereadores
da Comissão e os demais Vereadores que queiram estar conosco.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): E onde será a
reunião?
O SR. AIRTO FERRONATO: A reunião será na
sala 301, da Comissão de Finanças, às 9h30min.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada,
Ver. Airto Ferronato.
Nós faremos a
seguinte dinâmica: o Ver. Mauro Pinheiro falará em Comunicação de Líder, como
Presidente da Frente Parlamentar; na sequência, ouviremos os nossos convidados.
A fala do Governo do Estado será uma fala curta, porque haverá a CPI do
ProJovem, e nós precisamos liberar alguns Vereadores.
O Ver. Mauro Pinheiro
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MAURO PINHEIRO: Presidente Sofia e
demais Vereadoras e Vereadores, público que nos assiste; José Augusto, que
representa a Presidência da Trensurb; Sr. Rafael Prestes, que representa a
Secretaria de Planejamento, temos recebido apoio do Governo do Estado, do nosso
Governador Tarso Genro, que, com certeza, é favorável ao metrô, já se colocou à
disposição. Para nós é um momento muito importante, nossa Presidente, a
implantação da nossa Frente Parlamentar. Quando em
2009 cheguei a esta Casa, de imediato, logo nos primeiros meses, fiz um
Requerimento solicitando uma Frente Parlamentar. Depois, com as turbulências do
mandato, acabei não a implantando. Mas este ano, com todos os fatos, com as
questões ocorridas nesta Cidade sobre a mobilidade urbana, como nós temos
acompanhado toda a movimentação do nosso Prefeito José Fortunati, que, ao
contrário do Prefeito anterior - José Fogaça, que estava mais inclinado para os
Portais -, fez o movimento pró-metrô, e tem todo o respaldo dos Governos
Estadual e Federal... Quando esteve aqui, o Ministro das Cidades disse que
Porto Alegre, com um Projeto, tem grandes chances de conseguir o metrô.
Nós sabemos da
necessidade do metrô em Porto Alegre, porque todos nós, Vereadores, acompanhamos
os problemas da mobilidade urbana, os problemas de trânsito, a crescente
elevação do número de veículos na Cidade. Assim, sabemos que precisamos
melhorar muito o nosso transporte coletivo; e o trem, com certeza, é uma forma,
um modal que vai melhorar o nosso sistema. Também temos acompanhado os valores
das passagens. Há poucos dias subiram, em Porto Alegre, os valores das
passagens, que sabemos que é cara. Com a entrada do metrô, com a melhoria do
transporte, nós podemos fazer a ligação da Região Metropolitana de Porto
Alegre.
Então acho que a
Frente vem num momento oportuno. Sabendo de tudo o que está acontecendo em
Porto Alegre, no Estado, no País; sabendo que todos estão voltados para tentar
trazer o metrô para Porto Alegre, esta Câmara não poderia ficar fora desse
debate, Ver. Airto Ferronato. Nós temos, sim, que dar a nossa contribuição,
participar do debate, promovê-lo aqui na Câmara, trazer a Trensurb, a
Secretaria de Planejamento, a EPTC, envolver o máximo possível todos os entes,
para fazermos esse debate junto com o Prefeito, com o Governo do Estado, o
Governo Federal, a Assembleia Legislativa, para juntarmos forças. Já fiz
contato com o Presidente da Assembleia Legislativa, o Deputado Adão Villaverde,
vamos fazer contato com o Deputado Federal Marco Maia; nós queremos trazer o
debate para dentro desta Casa. Tenho certeza de que nenhum Vereador será
contrário ao debate; seremos proponentes para discutirmos a melhor forma de
viabilidade, a fim de que o trem se torne realidade na cidade de Porto Alegre. Nós sabemos
que principalmente a Zona Norte de Porto Alegre tem um número elevado de ônibus
que entram por Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão e que podem vir pelo
caminho do meio. Então, nós, Vereadores, temos que juntar forças com os demais
Poderes - Assembleia Legislativa, Câmara Federal, Governo do Estado, Município,
Governo Federal -, para buscarmos os recursos necessários para a cidade de
Porto Alegre.
No próximo dia 4 de abril, a Prefeitura de Porto
Alegre tem que apresentar o Projeto, no Ministério das Cidades, para o Governo
Federal. Já sabemos que houve alguma movimentação, e nós queremos estar juntos,
como parceiros da cidade de Porto Alegre, para tornar realidade esse sonho de
toda a Cidade, de todo o cidadão, de ter o metrô em Porto Alegre.
Esse é o grande intuito da Frente Parlamentar, Ver.
João Antonio Dib: trazer o debate para dentro da Câmara, participar junto com
os outros Poderes, para sairmos vitoriosos nesse processo e em breve termos o
metrô em Porto Alegre. Acho que é um sonho de todos nós, um dia, utilizarmos o
metrô e melhorar a mobilidade urbana da cidade de Porto Alegre, Ver. Sebastião
Melo. Eu tenho certeza de que todos os Vereadores estarão empenhados, o máximo
possível, para tornar isso realidade. Agradecemos a presença dos representantes
da Trensurb e da Secretaria de Planejamento. E vocês que nos assistem podem ter
certeza de que esta Câmara de Vereadores vai estar empenhada, junto com os
outros Poderes, para tornar realidade o metrô na cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passo a palavra aos nossos convidados. O Dr. José
Augusto Amatneeks, representante da Trensurb, está com a palavra. Muito
obrigada pela presença.
O SR. JOSÉ
AUGUSTO AMATNEEKS: Eu queria cumprimentá-la, Verª Sofia, nossa
Presidente, é uma satisfação para nós, da Trensurb - eu falo em nome do nosso
Presidente, Marco Arildo - estar aqui mais uma vez para promover este debate.
Quero cumprimentar também o Rafael, que representa aqui a Secretaria do
Planejamento e que é testemunha também dos movimentos que vêm sendo feitos na
Região Metropolitana, principalmente em Porto Alegre, pelos entes federativos -
o Município, o Estado e o Governo Federal -, para buscar soluções para o transporte.
Nos 26 anos de funcionamento do metrô, a Trensurb,
que leva - agora está concluindo - até Novo Hamburgo a população metropolitana,
vem emprestando a sua inteligência nesse grupo de trabalho, que há uma década
vem discutindo e construindo esse sistema integrado de transporte da Região
Metropolitana, em que o metrô aparece como um dos modais principais para a
integração. Então, é com satisfação que participaremos da Frente. Já combinamos
- o Presidente com o Mauro -, e queremos colaborar no que for possível neste
ano para a promoção do debate, com qualquer apoio que pudermos dar, com o nosso
conhecimento, com as nossas articulações referentes a isso nas cidades, nos
Estados e principalmente no Governo Federal, para que funcione bem essa
Comissão Parlamentar. Eu não tenho dúvida de que temos que garantir a sinergia
favorável que está havendo, já há um bom tempo, entre o Município, o Estado e o
Governo Federal, mas principalmente no Legislativo, para que os Vereadores, os
Deputados encampem essa bandeira - já estão encampando - de forma a
conseguirmos a melhorar coesão possível para que o metrô de Porto Alegre seja
uma realidade bem breve. Muito obrigado e um bom trabalho para todos os
Vereadores e para a Frente que está sendo instalada hoje. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Muito obrigada, José Augusto.
O Prefeito Fortunati muitas vezes tem falado da
assessoria que a Trensurb tem dado para a construção do modelo que será
apresentado ao Governo Federal, algo que tem sido decisivo, mesmo não sendo a
empresa Trensurb a gerir o metrô. Até nesse sentido, a experiência da Trensurb
tem sido fundamental. Passo a palavra ao Rafael Prestes, da assessoria da
Secretaria de Planejamento do Governo do Estado, não sem fazer o registro de
que a Ministra, quando acompanhei a comitiva em Brasília, frisou muitas vezes -
a Presidente também - a importância do Governo do Estado nos projetos que os
Municípios iam apresentar, porque, se não for um projeto que tenha articulação
metropolitana com os outros modais, ele não passará, Ver. Tarciso, e o Governo
do Estado está envolvido. Agora, escutaremos o Rafael. E o Prefeito Fortunati
tem dito que vai ficar muito caro para a cidade de Porto Alegre se o Governo do
Estado não construir política junto, e a gente sabe que, por exemplo, a isenção
do ICMS sai caro para o Governo do Estado. Portanto, essa é uma contribuição
decisiva para Porto Alegre - o Governo abrir mão do ICMS nesse empreendimento.
Rafael, não estou te colocando em uma saia justa, mas quero valorizar a
importância do protagonismo do Governo do Estado também para Porto Alegre
receber o metrô.
O Rafael Prestes, da Secretaria do Planejamento do
Governo do Estado, está com a palavra.
O SR. RAFAEL
PRESTES: Boa-tarde a todos. Gostaria de agradecer à Presidente Sofia e ao Ver.
Mauro Pinheiro pelo convite. O Secretário pediu
que eu viesse representá-lo aqui. Como disse o colega da Trensurb, o Estado já
vem participando desses estudos há vários anos, e agora está surgindo a
implementação efetiva do projeto do trem. A Secretaria do Planejamento do
Estado e o próprio Governo do Estado estão comprometidos para que o Projeto
aconteça. Então, dentro do que a Presidente disse, a isenção do ICMS seria a
participação do Estado, mas está-se vendo ainda o papel do Estado de participar
e ser um protagonista ativo nesse processo. O Secretário João Motta já
manifestou o desejo de o Estado participar efetivamente. Muito obrigado a
todos. Srª Presidente, obrigado pelo convite. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada,
Rafael. A presença de vocês dois significa o compromisso de um trabalho
coletivo. Sei que já estão construindo com os nossos Vereadores.
O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra.
O SR. AIRTO FERRONATO: Minha cara
Presidente, como V. Exª sabe, nós temos agora uma outra reunião, talvez por
isso esteja baixa a presença aqui. E eu também pensava: “Ou vou lá ou fico
aqui.” E compreendi a importância de estar aqui nesta tarde para dizer,
basicamente, numa síntese, o seguinte: as metrópoles, as grandes cidades do
mundo inteiro, do nosso País - Porto Alegre não foge disso -, estão entupidas
de automóveis, e vem corroendo, essa poluição toda, o cérebro das pessoas. Eu
vejo essa jornada do metrô como uma iniciativa importantíssima e fundamental
para a Câmara e para toda a nossa Cidade. Não vejo outra saída para Porto
Alegre. Não compreendo que exista outra saída, senão aquelas amenidades, que, é
claro, melhoram, mas não são substanciais. A saída para as cidades e para Porto
Alegre, no caso especial, é o metrô. Eu não vejo outra saída, em termos de
transporte de massas, melhor, mais adequada, mais acertada do que essa. Por
isso estamos trazendo uma saudação especial à nossa Trensurb, na tua presença,
e à nossa Secretaria do Planejamento, dizendo que estamos aí, dispostos a
contribuir de toda a maneira para o bom andamento da nossa Frente Parlamentar, meu
caro amigo e Vereador Mauro Pinheiro. Obrigado. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Franqueio a palavra aos demais Vereadores. Somos
poucos, pois estamos nos deslocando para a reunião da CPI.
O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, queria também me associar a essa ideia brilhante que o
nosso colega Ver. Mauro Pinheiro teve. Cumprimento nossos amigos, convidados e
companheiros aqui presentes que lutam muito por essa causa. Gostaria de dizer
que a questão do metrô é fundamental para a nossa Cidade em função da situação
que nós vivemos. A cada dia, são mais carros; os corredores de ônibus estão
mais complicados, e os cidadãos reclamam mais e com propriedade. Na verdade, os
investimentos públicos nessa área estão muito aquém do que a população precisa.
Acredito que a Frente Parlamentar de Acompanhamento do Projeto do Metrô pode se
estender um pouco mais para convencer os órgãos públicos para que o metrô não
fique só numa região da Cidade. Precisamos ampliar para toda a Cidade. Antes,
discutia-se a Região Leste, até a UFRGS; depois até a Azenha, até o Internacional;
agora, é só na Região Norte. E nós, da Região Leste, não somos cidadãos? Nós
queremos que o metrô seja para toda a Cidade. O corredor da Av. Bento
Gonçalves, por exemplo, está intransitável.
Então, é importante que essa Frente Parlamentar
traga para a Câmara de Vereadores uma discussão ampliada para toda a Cidade,
não só para uma região. Em toda a Cidade tem-se deficiência no transporte
coletivo. Pode ser o trem de superfície, o Trensurb. Por que não o Trensurb até
a PUC, até a UFRGS, via Av. Ipiranga, via Av. Bento Gonçalves? O Trensurb é de
superfície, não precisa ser metrô, subterrâneo. As alternativas têm de surgir a
partir dos Parlamentos e não só dos Executivos, porque, senão, a comunidade, a
sociedade ficará aquém do debate político. Parabenizo-os pela iniciativa, um
grande abraço.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Presidente, o meu abraço à senhora, ao Mauro e aos
nossos convidados, representantes do Governo do Estado e do Governo Federal.
Esta matéria é recorrente. Mauro, entrei nesta Casa no ano 2000, e, quando
entrei, havia uma comissão que foi feita anteriormente ao ano de 2000. Então, a
Câmara de Porto Alegre vem contribuindo com este debate. Eu acho altamente
oportuna esta iniciativa, porque há, neste momento, um amadurecimento de todo o
mundo. Aliás, acho que, de dois, três, quatro anos para cá, havia um desacerto
político a respeito desta matéria. Não vamos tapar o sol com a peneira grossa.
Se houver divergência política em relação a uma matéria dessas, ela tem chance
zero de transitar. Então, hoje, há essa unidade política: Prefeitura, Governo
Federal, Câmara de Vereadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais. Eu não
acho que seja a salvação da lavoura, mas é um início importante para um
corredor Norte-Nordeste, por onde, todos os dias, passam 400 mil, 450 mil
pessoas.
Pois bem, é claro que tem que haver integração com
a Grande Porto Alegre; é claro que tem que aumentar o número de lotações; é
claro que tem que ter bicicleta nesta Cidade com lugar para deixar as
bicicletas; é claro que nós vamos ter que tomar uma decisão, Presidente, ali na
frente, queira ou não queira, e ao gestor público cabe isso. Nós temos que
restringir o uso de veículos. Quando os carros ganham das pessoas em uma
cidade, é a falência da cidade. E hoje não é uma questão de Porto Alegre, é uma
questão do mundo e do Brasil. Não adianta os Governos ficarem com esse discurso
fácil, porque os Governos são os grandes incentivadores da venda de veículos.
Então, eu vendo veículo e vou para a televisão dizer o seguinte: “Ah, eu tenho
que resolver”. Sobre essa questão de mobilidade urbana - a senhora viu em um
debate do qual participamos -, nós tentávamos falar de outras coisas da Cidade,
porque a Cidade não é só mobilidade, mas a rua, o ouvinte, o cidadão que está
na Internet não nos permite discutir outro tema, ele quer soluções; às vezes,
até soluções muito simplistas, porque acha que se resolve isso a toque de
caixa.
Então, eu resumo no seguinte: para melhorar o
trânsito, a saúde, a segurança, o tratamento do esgoto de Porto Alegre, temos
que integrar a Região Metropolitana. Por isso eu vejo que o passo adiante é que
possamos ter uma visão de planejamento que não trate só de Porto Alegre, mas
que trate a região em seu todo, porque, assim, vamos melhorar a vida dos
porto-alegrenses, no sentido maior, passando pelos seus Municípios. Meus
cumprimentos, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigado, Ver. Sebastião Melo.
O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente. Ver. Mauro Pinheiro, quero cumprimentá-lo pela
iniciativa; cumprimento os nossos convidados. Presidente, eu, que viajei muito
por este mundão, vi grandes cidades como Nova Iorque, Paris com metrô, aí eu
chegava aqui em Porto Alegre ou em outras cidades do Brasil e ficava pensando
por que no Brasil não havia esses metrôs de qualidade - o metrô que eu andei na
Alemanha, por exemplo, era maravilhoso. Que bom, gente, que Porto Alegre viu
que precisa de metrô; que bom ter a Copa do Mundo, que trouxe essa luz a todos,
para que possamos ter uma Cidade, vamos dizer assim, mais humana em termos de
trânsito, para que o porto-alegrense não tenha que ficar nesse aperto total, nesse
desconforto. É claro, como o nosso Ver. Sebastião Melo disse, isso não é tudo,
mas é o início, é o começo. Parabéns a todos.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Tarciso.
O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Presidente, eu gostaria de agradecer a oportunidade de instalar esta
Frente durante a Sessão. Esta é a instalação, e, a partir de agora, vamos nos
reunir, os Vereadores da Frente, para discutir um calendário de ações,
juntamente com a Trensurb, com o Governo do Estado, com a Prefeitura, para
organizarmos um conjunto de debates. Eu gostaria de dizer ao Ver. Aldacir José
Oliboni que já estive conversando com a Trensurb e existe a possibilidade de
estender a sua linha pela Av. Bento Gonçalves, da Azenha até a Av. Antônio de
Carvalho, e esse é um debate que queremos trazer para dentro do Parlamento,
discutir formas de atender toda a Cidade e melhorar a sua mobilidade urbana. Em
breve, faremos um calendário de atividades para começar essa discussão. Muito
obrigado, Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sr. Augusto, da Trensurb, e Sr.
Rafael, da Secretaria de Planejamento.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Mauro, parabéns pela iniciativa. A Mesa
Diretora, com certeza, estará apoiando todas as atividades do metrô, porque
essa, sim, é uma grande virada para a cidade de Porto Alegre.
Reforço a chamada do Ver. Airto Ferronato sobre a
Copa: na segunda-feira teremos reunião da Comissão Especial da Copa. E ainda,
Srs. Vereadores, recebemos um convite do Ministério Público Federal, que,
amanhã, às 14h, na Assembleia Legislativa, fará uma Audiência Pública para
ouvir a população de Porto Alegre sobre as suas demandas em relação às obras da
Copa do Mundo.
Encerro este momento para as despedidas. (Pausa.)
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Srª Presidente, agradeço. Eu queria, na verdade,
fazer um convite em primeiríssimo lugar à senhora e extensível aos meus
colegas. Não sei se todos sabem, mas hoje, dia 24 março, o MDB completa, entre
MDM e PMDB, 45 anos de existência - sei que o Partido de V. Exa, na
semana passada, fez um belo ato de 30 anos -, e amanhã nós estaremos fazendo
uma reunião-almoço muito singela lá no Chalé da Praça XV. Eu gostaria muito da
sua presença, da presença dos meus colegas. Agradeço e espero contar com a
senhora, com o meu amigo Adeli, com a Maria Celeste e com os outros colegas
Vereadores neste ato singelo, mas que simboliza uma trajetória de luta e de
resistência democrática que ajudou muito este País chegar aonde chegou.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Sebastião Melo. Certamente,
estaremos nesse almoço. Nesta semana, apresentamos aqui o filme “Em Teu Nome” e
lembramos o papel do MDB na redemocratização do País; não temos dúvida do papel
decisivo do Partido para a construção da democracia. Reconhecemos e estaremos,
amanhã, prestigiando. Obrigada pelo convite.
Apregoo o Memorando nº 025/11, de autoria do Ver.
Engenheiro Comassetto, que solicita representar esta Casa, no dia 25 de março
de 2011, a partir das 11h, no Ato de Assinatura do Acordo de Cooperação entre a
Câmara dos Deputados e a Assembleia Legislativa, com a presença do
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia.
Demais Vereadores que puderem acompanhar estão convidados.
O Ver. Dr. Thiago
Duarte solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia 23 de
março de 2011.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ADELI
SELL: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; colegas Vereadores, senhoras e
senhores, eu queria insistir em alguns temas que são muito caros para a cidade
de Porto Alegre. Sua população sempre muito atenta, com seu espírito de
cidadania, Toni Proença, construiu a participação popular durante várias
gestões e continua, Verª Maria Celeste, teimando em participar. E vai continuar
assim, porque esse é o espírito que está enraizado na cultura dos
porto-alegrenses. Eu participarei, Verª Sofia, das atividades do 5º Congresso
bem como do Orçamento Participativo, porque lá nós “vamos beber da fonte”, mas
nós também bebemos de outras fontes, inclusive da moderna e importante fonte
que é a Internet.
E aqui quero cobrar da base do Governo, da
Liderança do Governo do Sr. Prefeito Municipal. Há coisas a serem feitas e há
projetos que não são feitos por incompetência de alguns gestores. Sei que as
obras da Copa na Vila Cruzeiro poderão sair, e eu colaborei como poucos para a
concertação necessária, mas de que adianta o esforço de alguns na Prefeitura,
se outros, na Prefeitura, mesmo eu sendo oposição e colaborando, não “fazem o
dever de casa”, porque não temos projeto para moradia, temos apenas para
alargamento da avenida. Ouçam o que eu disse, é grave: não há projeto aprovado
para moradia. Estão nos enganando, enrolando-nos, e nós estamos cobrando isso
aqui de forma leal, porque os grandes eventos da região foram organizados por
nós, da oposição. Há mais: o Projeto do Metrô. Nós conversamos ontem, o Líder
Mauro Pinheiro e eu, com o Presidente Arildo: está tudo abotoado. Mas não pode
acontecer como aconteceu com o Hospital Pronto Socorro, para o qual, por falta
de projeto, perdemos 6,8 milhões de reais, e não temos uma Emergência nova como
temos no GHC, no Hospital Fêmina e em outros lugares, Emergências construídas
com verbas federais.
Vou mais longe também: o cotidiano. Há pouco eu conversava com a Verª Maria Celeste sobre como é importante o cotidiano das pessoas, os pequenos, os microtemas. É só olhar a Praça da Matriz, o lugar mais visitado por turistas em Porto Alegre - a Praça está fedendo! À noite, ao lado da Assembleia Legislativa, não encontramos nenhuma lâmpada! E nós estamos no coração de Porto Alegre. Qual a explicação que nos dão sobre a demora na restauração da Praça da Alfândega? Por que não saiu a restauração da Praça da Matriz? Por que não saiu a restauração e ampliação da Rua da Ladeira, no Centro de Porto Alegre? O Largo de Medeiros, projetado e prometido há anos, licitação na rua, não sai e não tem explicação! Agora há uma badalação sobre o fone 156. Ora, mas está mais do que na hora - porque eu me lembro que o Ver. Toni Proença trouxe esta questão aqui, no início deste mandato - de fazermos o que já tinha sido planejado com o 156, portanto há dois anos e meio. Alguma coisa está mal! É a repetição de certos factoides, sem as coisas acontecerem. Qual a explicação que me dão sobre a falta de médicos e faxineiras no Posto da Esmeralda? Não há projeto para acabar com o alagamento na Rua São Salvador. Mas isso já tinha sido prometido há quanto tempo?
Então, nós estamos aqui, de forma responsável,
cobrando, porque, em todos os momentos em que esta Administração necessitou da
Bancada do PT, estávamos presentes colocando questões, apontando caminhos e
ajudando, porque o nosso compromisso é ajudar a relação com o Governo Federal e
com o Governo Estadual. Nós estamos fazendo a nossa parte; que o Governo
Municipal faça a sua também. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Nada mais havendo a
tratar, encerro os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h22min.)
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